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Ixé Aûsub Iandê

Ensina-me o que é o amor Sem me aprisionar na escravidão. A partir daí, Todas as músicas fazem sentido.

Da Eterna das Flores

Ainda que existissem mil amores E ainda que os prantos ressoassem No toque uníssono de sofrimento Ainda que só houvesse desalento E que o mundo fosse apenas dores, Jamais estaria fadada Ao pleno ardor do esquecimento Ela sutil, afã e acamada A bela, da eterna das flores. E da eterna das flores Sempre sob a escuridão Naquela esperança que ressurge Criança pura, delicada A recolheria em sua mão. O que a deusa impõe Mãos pequenas e tolas Jamais saberão porque manchar. Ouçam as reconditas harmonias Ouçam os vocalizes de alegrias Começam com sussuros pianíssimos E concluem-se em gritos fortes Fortíssimos! Daquilo que veio do céu O que herdamos de mais belo A música da lira cálida O sinfonia do amor de violoncelo. Morrem homens e mulhere vis Mas a história de amor À história sobrevive E a flor eterna que acha que morre Sempre na esperança revive. Pois tudo que há de vida neste mundo Começa com um ato de amor. Concluí-se num suspiro de saudade Termina nu

Namastê

Eu flutuo pelo mundo de olhos cerrados E tudo quanto vejo, quanto cheiro Todas as coisas que me agraciam o ser Elas não são estranhas para mim. Não me impressiona a beleza afrodisíaca das cachoeiras, Não me assusta a imponência colossal dos desfiladeiros, Não me alegram, nem entristecem, o verde perfume dos arvoredos, O céu luminoso não me traz calma nem pertubação, Menos ainda a noite me traz tormento ou desilusão. No seu vôo sutil, a borboleta eu saúdo com a respiração, A pantera indomável, eu domo com a paz do coração, Estou leve e cambaleante como a tromba do elefante, Eu sou desde a pedra à estrela, som calmo e retumbante. Todas as coisas que me agraciam o ser Elas não me impressionam, Pois me tenho em todas as partes do universo Tanto em vida como em morte. Sou eu do cume ao sopé Sou eu do sul ao norte.

Quando a mais Bela Canção Toca

Teu suave toque Faz o meu amor descer Eu sinto o choque Eu deito, eu paro Meus lábios te envolvem Fazem teu amor crescer. Eu subo e busco o meu véu Eu caio, desço, estou no céu Eu desfaleço, deslizo, desleixe Tuas mãos firmes escalando a montanha Teu toque débil larga-me nas curvas A respiração falha, a vista turva Separa, eu paro, e faço manha. Eu vejo cores que não conheço Eu desconheço o meu lugar Tua unha, teu sangue, meu rosnar Eu te tenho eu me esqueço Eu te explodo eu me explodo Cai Deita Desfaz Desfalece É sono, quero descansar.

Clamor

Vem, vem ó querida Vem, atende meu clamor esperançoso Vem enquanto minha alma Transborda de tristeza. Vem me dar essa paz Joga-me na clareza. Vem, vem ó querida Vem, atende meu clamor esperançoso Vem me derrubar ao sono eterno Deixa-me torpe, emudecida. Cure as minhas cansadas feridas Ó desejada da minha vida Esta noite que cai uma escuridão profunda Eu te desajaria aqui ao meu lado Deitada, em minhas organdis celestes Feliz eu seria se tu me destes. Vem, vem ó querida Vem, atende meu clamor desesperado Transborda minha alma de alegria Enquanto a tristeza ainda deita-se ao meu lado Salva-me desse infeliz drama.

Amargura

Meu coração é amplo Vasto como o deserto do Saara Tudo o que minha boca fala O que o meu olhar vê O que meus ouvidos escutam O que minha pele sente, Tudo já estava pré concebido Sangrando veia a veia Até a artéria da mente. Ah esse amor de somente Semente de um fruto apodrecido Concebo o filho coxo E ele caminha como a consequência inevitável Dos mais incólumes atos. Tento turvar a vista Prender a respiração Mas nada pode distorcer os fatos. Sangra alma desafortunada Alma cuja fúria divina Deus muitas vezes o dedo apontou. A mais maldita das mulheres Arrasto-me como cobra asquerosa Esgueiro a felicidade de aquém. Sangra, e busca o refúgio na tua lágrima Sangra ventre embebecido Sangra coração amortecido Amordaçado pelo erro Ó coração amolecido pelo gesto de amar Sangra e chora No mundo que te negam, é tudo o que te resta Sangrar Chorar.

Animo

No impossível caminho Onde o céu e a terra se abraçam Eu lanço o meu modesto olhar. O perfume verde afaga-me o ser Misturo-me com pedra dura Árvore seca, água pura. Sou branca cinza Preta escura E na morte suave Como um vento, brisa tranqüila Meu coração, feliz, perdura.

Mar Adentro

Não hesite Não pense Atire-se no mar Não hesite em se afundar Não fareje, Cheire! Não deguste, Devore! Não hesite em se afogar Não tenha medo ao se molhar Não hesite Em perder a respiração Em cair em tentação De se aprofundar. Não hesite Não pense Não tema se secar Não hesite Quando a terra dura pisar Não hesite em dar adeus Quando toda essa água acabar.

Eu Eva - A minha irmã

E quando parei de olhar a natureza Cresceste. As coisas acontecem Enquanto nosso olhar fenece no espelho Perde a estribeira. Faço o verso como tu pedes Não rimo Não rimarei. Tu não rimas com nada! Teu verso é único Isolado. Não vejo rimas para teu olhar Nem para este teu sorriso Cheio de ironia Mas sábio. Saiba Perde-se o medo Vira-se poesia! Cai a pétala Vira-se o lótus Abre-se o fócus Cria-se o ópus. Atalanta de madeixas frias Seguras a tua lança Espetas a tua vontade nesse mundo Pois ele também te pertence. Ouves os sons? Certo que eles são para teus desígnios. Tua voz estremece Mas o povo teme o terremoto E finge que adormece. Mas ouves! Ela aquece! E quando parei para te olhar Para te ouvir Te cheirar Te ser Ainda vejo Crescendo...

Sobre o Medo de Você ainda estar aqui

Constantemente feminina Ela sobe, ela desce Ela fala Estremece. Solta os seus pedaços de mulher menina Em todas as tristes esquinas. A vida me adotou subitamente E contemplo sempre uma tristeza bela: Os armários envelhecem. As flores murcham. As vidraças encardem. Mas tudo o que é onomatopéia No futuro lembrará ela. Sua presença ilude E já no presente obscuro A saudade sem sentido Cria seqüelas.