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Pelas Almas Intranquilas

O que eu posso aprender com as vacas? As vacas são mães serenas Seres tranquilos de boa conduta Se as pernas são livres Seguem apenas as suas necessidades. Que tem as vacas com a tranquilidade? Vacas ruminam a vida com serenidade Acompanham cada passo até o pasto sagrado Se um passo a seguir é deveras complicado Ao invés de passo, seu corpo fica parado. Vacas não ruminam ervas ruins Árvores não crescem em terras inférteis O céu ilumina onde a sombra não se faz E o meu ar flui puro como a casa da garoa Vacas sem encostam na pedra Mas apenas como descanso E seguem seu curso sem pensar. O pensamento desmedido traz cansaço à alma E é a alma que produz o mel da vida Com todas as suas abelhinhas. As árvores sempre renovam suas folhas Abelhas zumbem em volta das flores E sabem que um dia vão tombar Mas sempre flores vão desabrochar. De vacas e árvores e flores e terras Eu me diluo nessa vida E enfrento feliz a minha guerra.

E no final...

Mãe estou partindo Bato a porta quando estiver saindo Existe lá fora um mundo inteiro Sei que tudo está ruindo Mas meu coração por ele está pedindo. Mãe, eu vou embora Vou em busca de outras rimas De outras horas. Oras, veja como as coisas são: Mãe, Ser divino inatingível e perfeito Não há imperfeição que se lhe caiba Desde o amamento ao inevitável leito

Nirbharatã (Ketergantungan)

A Luz cálida encarece a escuridão O que seria do descanso se não fossem as andanças? E o que é desespero sem a esperança? Nuvem branca, flutua sobre os oceanos dos céus Escondem de mim mistérios e enigmas sem resposta. Eu sou um mistério, não tenho janela, nem porta. Não tenho começo nem fim Sou uma constante, numa faixa, duma linha, dum ponto, dum caminho                                                   [que não começa e nem termina. Cálida luz, clássica benfazeja, tudo reproduz. Sou menina, sou menino Não sou nada nem ninguém Sou a bruma da espuma de quando tocam o sino Planta verde com cheiro de mata de alumínio. Orvalho cai na terra Nasce uma planta, flor de lótus, for de luz, luze tochas, acende a vida O que seria da luz se não houvesse escuridão? O que seria da incerteza não fosse a solidão? O que seria certa nada seria então. Olho para o céu e não vejo o universo parar Para perguntar por que. Por que seria algo se houvesse a res

Solilóquio

Disseram pra mim Que o céu já não é mais tão azul E que as estrelas no céu Não são mais vistas quando a gente quer. Disseram que a água já não é mais tão cristalina E que não abunda mais em vida. Disseram que o amor é uma história distante E a chamaram de ideal. Disseram que quando se ama Não se vive a vida real. Disseram que tudo do que aprendi Hoje já não é mais igual.m Disseram que cada vez que respiro Eu aspiro em substâncias nocivas E que o que dividi com meus amigos Não faz mais parte de mim. Disseram a mim, que quando estou sonolento Estou repondo as energias que perdi Em um inerte e inevitável momento. Disseram que a felicidade não existe E que puseram nos meus caminhos mais seguros Mais caminhos, mais passos, mais muros. Mas disseram a mim: - Não te preocupes, a vida é assim. A tua vida não para Enquanto tudo à tua volta desaba. Recolheis as pedras das quais precisas Separeis os tecos de terras fofas que sobrarem E

Composição

Reconheço minha função mínima no mundo. Fecho os olhos Para escutar o som dos pássaros cantando Ventos para lá e de cá Batem nas folhas das árvores Que soam por existir. Entre os sons desta natureza estranha Ouço vozes de homens. Deste mundo também fazem parte.

Morte e Misticismo

A única transformação que a morte traz ao homem, é a capacidade de torná-lo inanimado. Após a morte, o homem permanece homem, nem mais nobre, nem menos nobre, apenas inanimado. *Imagem - O Dia da Morte, pintura de William Adolphe Bouguereau (1825-1905), pintor acadêmico francês.

A Destruição das Horas

O que são as horas quando eu tenho os teus beijos? Pois não me fale de horas E nem de obrigações Fale-me dos teus beijos. O que são beijos sem os teus lábios? E quando os olhos poupam os lábios O olhar furtivo e sutil Cálido como a brisa fresca da aurora Cala-te por agora Fala-me pela hora Os olhos sem os lábios Eles voam e sons silêncios Sutis e gloriosos, sábios. Os minutos são gotas de suor. O que são as horas sem o ensejo Volátil e livre do teu caminhar? Caminhas como danças Danças em estâncias De contrabaleio de balanças. Calaboças andanças Lábios de sonhar esperanças. Em teus braços livres Eu me esqueço de mim Eu me esqueço dos relógios.