Pular para o conteúdo principal

Postagens

Fanfarra (ou matraca) da Derrota

Olá de novo! Eis que venho falar de um dos meus poemas que mais causou polêmica entre os meus amigos, familiares, conhecidos e poucos leitores. Primeiro gostaria de falar das origens do título. Afinal, por que Fanfarra (ou matraca) da Derrota? Fanfarra é, usualmente, um toque de trombeta, que tem por intuito anunciar alguma coisa. No período onde as monarquias imperavam, ou melhor, posso dizer a grosso modo, no período medieval, a Fanfarra era tocada todas as vezes que um tipo nobre ou real estava chegando em algum lugar público (palácio, castelo, igreja, praça - muito duvidosa para esta última, mas voilá ). Então venho com uma fanfarra anunciar a derrota. E de onde raios vem matraca? A utilidade é um pouco mais abrasileirada. Matraca é um termo que eu conheci lendo o conto O Alienista de Machado de Assis, onde em um momento, um homem chega com uma matraca (aquela mesma do programa Chaves) para anunciar uma notícia de interesse público. Geralmente ele aparece em uma praça, gira a

Uma Bolsa

Duas jovens universitárias caminhavam pela alameda quando uma delas avistou um morador de rua que andava cambaleante, praguejando para o nada. - Depressa, deixa eu esconder minha carteira – disse a primeira. - Para que? – enviesou a segunda. - Oras, não está vendo ali o bêbado? Ele pode querer nos roubar. - Pode querer nos roubar? – fez a segunda jovem, em um tom de pergunta retórica. - É claro oras, eu não confio nesses bêbados de rua. - Eu não confio nesses sóbrios de rua mas isso não é motivo pra eu andar com medo. - É porque você nunca foi roubada por um deles. - Aquele ali já te roubou alguma vez? - Claro que não né! Mas nunca se sabe, é bom não dar confiança demais. - Mas ele sequer parou aqui perto. O homem está lá longe, nem dando bola pra gente. - Que seja, vamos só pass

Sob Poder

"As palavras têm poder." Que coisa, depois de muito pensar que isso era uma grande besteira, passei a concordar com a expressão popular. As palavras realmente têm poder. Na última aula de Literatura Brasileira, o professor Valfrides falava entusiasmado sobre a obra de João Cabral de Melo Neto, e foi que ele soltou a máxima dita por Lygia Fagundes Telles, definindo a diferença da palavra em prosa e da palavra em poesia: "na poesia, a palavra é gorda." Excelente! Palavra gorda, adorei a expressão! Quer dizer que com o mínimo de palavras, deve-se traduzir o máximo de imagens. Palavras representam imagens. Com pouco se diz muito, na poesia. Talvez por isso o verborrágico e o diletante soem tão insossos. É como se fartar de arroz branco sem sal. Eca! Mas muito além disso, a palavra tem poder sim! Já vi muitos por aí concordarem e rasgarem a seda para poetas prosadores do nosso jornalismo diário, onde com uma simples coluna conseguem nos dar um completo vislu

Diazepam

A sociedade brasileira se equivoca. Não quero delimitar um grupo, pois hoje, todos se equivocam. O caos social impera, e isso é favorável a poucos, terrível para a maioria, pois não temos uma unidade. O que antes poderia ser motivo de poesia e admiração, hoje é um grave fator para o impasse que vivemos. Nossa diversidade cultural e étnica já não me encanta mais, ao contrário, me assusta. Psicólogos admitem que a crise é favorável à mudança. Se as relações sociais se dão através do contato de uma pessoa com outra pessoa, então passemos a tratar o Estado como um corpo vivo, e não mais como uma idéia. Tratemos de enxergar que o Estado, que serve à sociedade (e não o contrário, como ocorre em nosso fascismo mental disfarçado de democracia) está sofrendo com uma doença horrível. Nossas células estão desordenadas, entrando em choque constante. Uma vez divididos, há o impasse, e havendo o impasse, perde-se a perspectiva. Caímos no mal estar da depressão coletiva. Falta esperança, e falta

O Meu Eterno Amanhecer

Paixão paixão... resistiu ao tempo. Possivelmente. É difícil falar desse tema tão delicado entende? Você entende. Foram tantas reviravoltas, tantas idas e vindas, tantas! Pois sabemos. Procuramos o que? Procuramos pelo que? Procuramos por quem? Pensar em você era quase regra, quase porque eu também pensava na minha vida, nas minhas coisas, pensava na minha dor. Como era doloroso, como doía meu Deus! Doía pra cacete! Tentava não me perder entre as páginas de um livro e de outro livro, e entre as pernas de uma e outra imaginação pendente. Pois é, era difícil imaginar. Eternamente amanhecendo com uma lembrança, com um desejo, com uma esperança das coisas acontecendo, duas vidas tão distantes, paralelas, para elas, vivenciando as coisas como se fossem ondas nos levando, sem pensar, sem oferecer resistência, sem esperar que algo nos parasse, mas sabendo no fundo que não era bem assim. Não era bem assim. Eu prefiro não pensar, não é pra pensar, é complicado, é estranho, é difícil, não

Música

Este final de semana o projeto que criei e onde eu toco participou do Festival de Música do Jardim Ângela, ou Jardim Ângela Music Festival, como preferirem. Foi empolgante de certa forma participar do festival, ver o nome de um projeto meu sendo mencionado por outras pessoas, tendo repercussão na internet (embora que ínfima, mas teve), e saber que ao menos algumas pessoas gostaram. Estivemos de certa forma desfalcados, o nosso baterista teve um grave problema familiar e não pode comparecer, então encaremos apenas o Júnior e eu. Tivemos coragem em tocar o Samba da Inês e o mantra Kali Kali sem acompanhamento de percussão, o que deixou a música de certa forma insôssa. Depois de um tempo tocando com o Fábio, eu não consigo imaginar as músicas com outras pessoas. Podem conferir algumas no meu outro blog: www.calangotrio.blogspot.com Não passamos na segunda eliminatória, ainda não sabemos os pontos das nossas falhas. E eu fiquei desapontado a princípio. Mas depois de pensar muito,

Perene Melancolia

Você já percebeu como às vezes a nossa vida ocidental nos cobra demais para vivermos? Já percebeu que tentamos chegar a um consenso, embora muito mais nos deixemos arrastar pelas companhias, acontecimentos, momentos, sem pensar muito sobre tudo o que está acontecendo? Como se a vida não estivesse sendo vivida, mas, situações sendo despejadas, uma após outra, no nosso colo, descontroladamente, semelhante a um caminhão que descarrega a sua carga sobre nós, que, em nossa miúda fraqueza, resta-nos sufocar? Não importa o que façam para melhorá-lo, o mundo é cruel e implacável. Ele não espera. Estamos todos indo, eternamente até que a morte nos separe desta obrigação inconsciente. Vamos caminhando, como loucos ao encontro de nada. Quem é que nos joga nesse penhasco onde não conseguimos enxergar o chão? Quem é que nos atira do céu, sem pára-quedas, para quando quedamos, sentimos com tanta intensidade no nosso espírito que nos faz menores, pequeninos e indefesos diante de tamanhas tantas

Através do Espelho e o que vi Lá

Poemas perdem o sentido com o passar dos tempos. Perdem o sentido para quem escreveu, pouco depois para quem leu, e pouco depois perdem o sentido no seu contexto. Nada mais natural. Eis uma prova não empírica de que as coisas realmente se transformam... e ao mesmo tempo não! Um poema escrito há cinco séculos pode conversar diretamente com os meus sentimentos atuais. As pessoas são todas iguais em essência, o que muda é a personalidade. Somos iguais, mas é perigoso encontrar vasta semelhança entre nossos semelhantes, porque todos nós sentimos a necessidade de ter identidade. Em um papo com minha irmã esta noite, ela se queixou de que esse mundo está muito igual. Estamos perdendo o assunto, perdendo a direção. Aliás, parece não existir mais direção. Seria como se já houvéssemos alcançado algum certo limite, despejamos tudo isso no chão tal como um vasto mar, e agora estamos nadando desorientados sobre ele, tentando continuar, seguir adiante. Mas e se não houver mais para onde seguir? J

O Relógio Errado

Este é, seguramente, um dos meus primeiros poemas. Fala de relógios mesmo, do passar do tempo descompassado e desmedido. Ou que não se mede, não se aplica à nossa ciência, mas à nossa consciência, ou semiconsciência, ou seja lá como queiramos chamar as coisas. Para tudo o quisermos dar nome, ainda existem coisas que fogem ao nosso controle. O tempo é uma delas. O que nos mantém sob controle está no mais profundo do nosso ser. Este é um dos meus primeiros poemas, e já não importa em qual época ele foi escrito, mas se ele ainda faz sentido. O Relógio Errado Tic, Tac, Tic, Tac Assim vai o relógio Assim vai o tempo Atropelando tudo: O homem, A mulher, A criança. O cachorro, gato, rato O homem e a mulher. Tudo se vai a Lua se vai, o Sol se vai, o Dia... E eu estou aqui! Ou será que estou lá? Às vezes estou aqui, às vezes estou lá Às vezes nem estou! E às vezes não estou sozinho!

Recomeço

Este blog completa 2 anos de existência, pelo menos o do domínio www.cinqbranches.blogspot.com . Depois de alguma reviravolta interna eu me permiti reabrí-lo, mas desta vez, definitivamente, com uma abordagem mais sincera e direta. Qual a finalidade dele? A mais simples possível: falar de mim mesmo. Parece egocentrismo ou narcisismo, mas um certo poeta certa vez me disse que escrever poesias é como se olhar no espelho. Acho que era algo assim. O poeta que me disse isso é um grande amigo meu, o Júnior/Boneca/Jayanta Alves. Depois de um tempo refletindo, acredito que já atingi um grau de maturidade suficiente para poder falar de mim mesmo sem parecer vítima ou sem querer por a culpa nos outros. Geralmente é assim que acontece, porque é mais difícil aceitar os próprios erros. As coisas simples parecem tão banais, mas se pensadas, vemos o quão fundamentais são, e quão mais problemáticas ainda se tornam quando as esquecemos. Por isso retorno tratando das coisas simples. Eu queria e senti