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O Sol de Todo o Coração

Neste buraco escuro cai um bichinho belo Cai amendrotado e triste, neste buraco frio De vil espectativa buraco pleno E de venenosos ventos lugar sombrio Bichinho puro, pássarinho vivo Mas morre de medo, morre bichinho Esse mundo não te quer no céu És um rato Uma lagarta Um nada Um verdadeiro nada Pisa na asa da tua consciência Como quem pisa no chão da tolerância Chuta teu estômago forte, saudável Não tens mais estômago. Uma cobra, duas cobras Dez cobras, dez leões Uma manada de quem não quer nada Só que ei, iluminou-te a vida Tu sabes voar bichinho, tu sabes voar E voa. Bichinho não Pássaro. Teu coração o sol pertence.

de uma só vez

Um mundo sem perguntas Caminha livre, aliviado Leve, a brisa calma te leva Escorrega sem acanhamento Num escorrega feito de gelo Cai num poço sem medo Livre da tentação Envolve um vapor sapiente Uma poção de água quente O cheiro e o gosto agridoce Doce como a lágrima caída Como o clamor de viva vivida. Uma forma de mulher nua surge Braços abertos, sorriso seguro O abraço traz o sono, o sonho urge Cai num chão repleto de poeira Ergue e sacode a bela sujeira E segue Fora de si, em paz, na calmaria do cálido arco-íris Num mundo sem perguntas.

A Casa Vazia

A casa vazia Tem um capim fino na porta da casa vazia Mas tem flores e manjericão também! A casa vazia ecoa Alô ô ô ô ô... E volta o mesmo som para os ouvidos de quem soa ô ô ô ô... Num monólogo (ou debate com as loucuras) Quando liberta os demônios que em ti habita E queima a sensação de em si mesmo Sinto que sempre me responde Liquor de Lírios ou Vinho? Vinho... vinho... vinho... Mas tem música e vozes na casa ao lado Tem música e vozes.

A penúlltima Volta do Parafuso

Diante do espetáculo sombrio Dessa gente morta de pouco afeto Pulsa o sangue aberto no pulso frio Como lágrimas vermelhas em chão repleto Verte a gota nesta cama amarga e sombria Como sopram os ventos segundos do dia Em cada pingo em chão o abraço Uma fenda esfumaça a pena se revela E sofre como açoite em velho hábito O cantar de sofrimentos ocultados Não senão pior é o castigo O sofrer sem razão direta, concebida O morrer de pouco sem saber o que te mata Seja em corpo ferido e infecto Seja infeta alma que acorrenta. Ainda sendo o verbo que te maltrata. Não cabe em ti o amargor externo Como se não coubesse nuvem de ressaca Em cabeça de inverno. Ventania, carrega o passageiro solitário Que desloca a poeira dos dias, lentamente Já não será tamanha a dor Não sendo sua ferida aberta. Cede o caminho adiante Ante o obstáculo terno O invível de uma imagem que aprisiona Para liberta a corrente uma palavra basta Uma palavra vale mais que mil imagens Para a libe

“Não contendas com alguém sem razão, se te não tem feito mal”. (Pv. 3:30)

“Não contendas com alguém sem razão, se te não tem feito mal”. (Pv. 3:30) Mas para muitos evangélicos que conheci isso era uma desculpa para pairar na alienação e na preguiça de lutar pelo seu próximo. Quando me questionam porque abandonei completamente a religião eu deixo claro que me causa repulsa o individualismo e o consumismo do cristão, e mais me causa repulsa ainda a sua associação de benção com bens materiais. Mas nada disso me deixa mais decepcionado do que o fato de não assumirem tal comportamento. Se Jesus fosse realmente conhecido de alguns, seria odiado pela Igreja e seus fiéis seguidores (da Igreja, não de Jesus), pois ele lutou pelo que acreditava, até o fim. Não seria ele alguém que participou e causou muitas contendas com um fim? Existe uma censura silenciosa, agressiva e injusta pairando nas Igrejas cristãs, quando você, por mais jovem que seja, questiona alguma prática, é rotulado de pecador, e tão logo deve ser afastado por ser o "irmão que gera con

Brasil, um país de um mundo atrasado.

Durante toda a minha vida escurtei a frase: "O Brasil é um país atrasado". Vinha da boca dos mais velhos, obviamente; bancários, funcionários públicos, motoristas e cobradores de ônibus, dos pais, tios, padrinhos, amigos dos pais, taxistas, pedreiros, religiosos, enfim, este era o meu círculo social na época. Mas de todos estes, dos que mais ouvi vieram da boca dos meus professores, especialmente de geografia e história. Era um bombardeio diário à imaginação e auto-estima: "O Brasil é um país atrasado", e tão logo vinha a inevitável comparação com os ícones da economia da época: EuA, Japão, e uma parcela ínfima de países da península ibérica que todos teimam em chamar de Europa. "O Brasil é um país atrasado" sempre esteve em meu imaginário quando eu posso ver reflexos de avanço representados pelas mais finas e altas classes sociais, que desfrutam de parte disso, geralmente trazidos do exterior, repetindo gole a gole, de seja lá qual for a sua b

Só mesmo Trindade

Estação Sto Amaro do Metrô Escuta, o som dos trilhos Mas não dá pra entender O que ele tá querendo dizer Tem gente com fone tem gente com fone tem gente com fone Sobrevoa nas cabeças dispersas Serpenteia-se por olhares perdidos Uma pálpebra caída e um bocejo Tem gente com fone tem gente com fone tem gente com fone Numa tela de tinta homogênea Pra que o preto, o branco, o marrom É tudo muito cinza Tem gente com fone tem gente com fone tem gente com fone Uma mulher morde uma maçã Um homem toma o seu pedaço Mas aqui nunca foi o Edem Tártaro metálico, homem bateria Saúde e alegria é uma calunaria Recolham o corpo esquartejado do Mário Tem gente com fone Tem gente com sono Tem gente sem fome. Só mesmo trindade Para azedar esta verdade.

Frase XLI

Sua liberdade de expressão não te dá o direito de inibir a liberdade do outro. Enquanto estivermos tentando converter os outros em nós mesmos, a ideia de liberdade permanecerá como uma vaga ideia.