Pular para o conteúdo principal

Postagens

Das Falácias dos Politicamente Informados

Todo mundo ficou impressionado com o carisma e a educação da seleção alemã, especialmente na reta final da Copa do Mundo. E aí de repente eu vi que muita gente se compadeceu por eles darem reconhecimento a coisas que até mesmo os críticos imediatistas da internet sequer pararam pra pensar antes. Mas isso não quer dizer que a nação, em sua totalidade, esteja indiferente à sua cultura, às suas origens e às suas necessidades. Pensar dessa forma só mostra como você está alienado e arrogante diante da sua própria sociedade. Então eu pensei em outra coisa: Pra quem acha que a política é a medida de todas as coisas na sociedade, acho que às vezes é bom simplificar: Não é preciso de lei pra dizer "bom dia". Não é necessária uma ordem judicial para se dizer "me desculpe" ou "eu estava errado". É inútil uma cúpula na câmara para dizer "obrigado". E não é preciso uma nova constituição pra você perceber que nesse mundo você é só mais um, e

Recado para um Músico Indignado com a Copa

Ou: Por que a crítica cega vira discurso de (in)conveniência. Pra você aí que é músico e não compreende a paixão de um torcedor de futebol só posso dizer uma coisa: você é um tremendo de um hipócrita! Os mega eventos como Rock In Rio, Loollapalooza, SWU, Wacken Open Air, até mesmo o Live Aid, equivaleriam a todo o espetáculo que representa a Copa do Mundo, em todas as suas medidas. A Copa do Mundo, assim como os mega eventos musicais, são um misto de investimento privado dos patrocinadores e concessões e investimento público, no que diz respeito a iluminação, abastecimento de água, apropriação legal de terrenos, etc. Tanto quanto a Copa do Mundo, estes mega eventos cobram preços exorbitantes em seus ingressos, vendem por trás disso uma ideia ilusória de consciência social/ambiental/política, etc, para nos fazer pensar que estamos trazendo um mundo melhor, quando na verdade tudo o que você está pensando é em acariciar o seu narcisismo adolescente ao ver um ídolo, que na sua

Tragédia Brasileira

Árvore Ônibus Acidente Falha no sistema de freio Motorista perdeu o controle Mulher do passageiro ameaçou deixá-lo Vias abandonadas Mas tudo mudou de verdade Quando disseram no jornal Que uma baleia caiu do céu E o povo passou a adorá-la Como o messias que nos fez promessa no começo do mundo.

O Humano Demasiado

Face eterna face Virada desafiante, encarando a face do Sol O que tem para nos dizer nesta hora decisiva? Segue as pegadas do que projeta-se adiante Ou fica aqui esperando pelo que te sobra? Nesta hora oca, o que é que há de restante? A fé num homem morto Ou a esperança no mundo louco

Guerreira

Forte é todo aquele Que no meio do batalhão No meio daquela tempestade de aflição E que esquece a cor do céu, a cor da terra Ainda consegue erguer a voz e dizer: "Vem pra dentro, a janta tá pronta!"

Refeição da Madrugada

Menu de restaurante burguês Tu, eu e a vida, Num encontro que era pra ser a dois Tudo diante de nós, aí está: Nosso erros do passado viram diamantes, E o venenoso vinho sólido da altivez A todos os sonhos cicatriza. Fica o alívio preso em embriaguez. E o que sobra pra depois? Para o apetite tardio, às vezes em repúdio? Para a digestão ácida, refluxa, má condicionada? Uma confusa saudade? Vermelha e negra meu bem, vermelha e negra. Olhe para cá, veja essa vida que escorre Escorre, mas como? Seca? Tinta? Nauseante? E o que sobra pra nós? Além desta garrafa vazia? Desse prato sujo? Além dessas palavras duras como pão? Alem desses olhares crus como a carne? Vermelha e negra meu bem, vermelha e negra.

Liebegeist

Romeu e Julieta separados pelo tempo E nos encontramos No passado, no futuro No pensamento e no sonho E é no sonho, Neste sonho perfeito Onde me perco, me encontro E nesse sonho onde eu reencontro, Como o direito de todo ser, O ser direito. Não fale palavras, Elas não parecem certas ou precisas (Ou necessárias). Também não tenho palavras Nem direções para nada que preciso Porque não são certas Ou necessárias Agora abrace-me forte E pare o tempo, junto comigo E segure minha mão, forte E deite-se aqui Durma aqui e abrace esta paz Enquanto te observo e sou feliz por agora. Agora é o que existe Não o próximo passo, não o segundo seguinte Apenas o ar após ar Te vejo, envelhecendo cada célula, e cada cacho de cabelo E te vejo, cada cristalina vida, se esvaindo Perguntas, como o relógio da vida A pergunta é o que não cala "O que é? O que será? O que pode ser?" Deixa a resposta pra lá, ela vem Ela nos espera, lá na frente, lá adiante Enquanto for

Unerreichbar

Alcançaríamos mil luas diferentes Contaríamos as estrelas Entenderíamos a vida e a morte Como se fossem algo normal E subiríamos na vida E entenderíamos isso também E cairíamos, sem nos lamentar. Mas de repente, na estabilidade Na ordem de toda situação Sempre, de repente Num piscar de olhos Quando o coração se aflige E chora, e pede por paz Num farol de trânsito que seja isso Na distração de todo o nosso sofrimento E atravessa, incauto, indeciso. Meu olhar apenas E tudo muda Tudo se transforma Tudo se constrói, e tudo se destrói. Nas doces primeiras horas da manhã A brancura suave é tudo o que domina esta mente. O dia é bom O dia é ruim O dia é uma tortura do não poder. Quando estamos sempre conscientes que é esse momento Como somos mortais.

Motivos

Motivo Que brisa fresca que desperta Eriça os pêlos dos braços Arrepia-me os pêlos da nuca Me faz ter saudades de muitas coisas De muitas tristezas deixadas pra trás Quanta loucura... Mais um outono nesta vida acinzentada Cada estação um motivo De quanto mais motivos serão necessários? Atiraram-me aqui neste corpo Como um dejeto, um desperdício Nesse projeto inconstante e inexplicável Sempre prestes a explodir! A gente anda por aí como se não  houvesse mesmo um motivo E a cada pausa pra respirar, permitem-nos tentar um sorriso. E que riso bobo quando eu olho pra esse horizonte E esqueço um pouco de tudo o que me rodeia E nessas horas também me esqueço do que sou (Do que fui) E me esqueço do que já sei o que vou ser E deixo os pensamentos um pouco em espera E espero de verdade que não seja mais uma ilusão Que não seja mais uma desculpa para seguir em frente Mas que seja o motivo que tanto procurei Já nem posso dizer, deixa pra lá. Deixa pra lá por que o

Mãe

Caiu uma tempestade em cima da casa Aquela casa pacífica Aquela casa branca, de ar leve. De repente tudo ficou pesado As portas bateram As janelas tremeram Cadeiras e mesas, sem equilíbrio, eram jogadas pelo ar Houve um estalido violento de vidro se partindo Como o som violento de uma alma se partindo Que risca e marca a mais profunda calma E atormenta a mais profunda mansidão As pessoas, surpreendidas, chocadas, tremiam O ar, pesado, ofegante E uma saudade melancólica dos primeiros dias Os primeiros passos E uma dor que só vivendo Aquele olhar forte, seguro, mais forte que a maior das loucuras Sai o filho sem fechar a porta e nem olhar pra trás Carregando dez mil quilos nos calcanhares O peso tamanho que a parede se enverga, e a porta se estrebucha. Logo antes, só permanece o calor Aquele olhar cansado e cheio de ternura Invisível. Vigilante. De mãe. - Leva um casaco, está frio lá fora.