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Ser uma pessoa amarga e infeliz não significa necessariamente eternidade. O idealismo da vida moderna: fuja da tristeza e agarre a felicidade. Ambas são coisas efêmeras e em nada tem a ver com aquilo que é muito mais importante que as duas: o equilíbrio interior. O problema da escrita, ou da palavra, é que ela fica. Se você se despedir com sorriso ou com lágrimas, é a última imagem que vai ficar, tudo porque temos preguiça de pensar um pouco além, tudo porque o que mais vale é a impressão que causam em nós, e não a impressão que poderíamos ter deixado no outro. Ter senso crítico e ser amargo não tem relação alguma e nunca teve. Mas ter senso crítico e sentir amargor pelo que te despertou a realidade é só um sinal de que você é humano, e de que você sente dor. Isso é um sinal ainda mais positivo, o de que você tem empatia e sofre porque o seu semelhante também sofre (até certo ponto). Ou isso pode ser um indício também de que na verdade o seu senso crítico está todo distorc

De Humano pra Humano

Sou egocêntrico, narcisista, niilista, e recentemente me descobri perplexamente individualista e indiferente. Não consigo sentir todas estas coisas sem aquele misto de culpa e liberdade, aquela sensação fresca na alma de que você não precisa responder a nada, ao mesmo tempo em que você se vê como ser inserido em sociedade e por causa disso responsável por tudo o que o cerca. Bem, essa é a condição de ser humano em um tempo em que estamos quase à beira da extinção de tudo. Nossa tradição está totalmente corrompida e talvez seja essa a maior de todas as crises que eu e todos os humanos estejamos vivendo, porque não sabemos pra onde seguir. Estávamos errados até pouco tempo atrás e agora estamos em busca de um desesperado motivo pra viver. Minhas palavras são só um fluxo de pensamento e não precisam estar coerentes ou conectadas, mas eu tenho educação amigo, então eu justifico dessa forma. Hoje cedo estava conversando com uma amiga sobre uma brincadeira de rede social, em que vocÊ

Alma

Alma Obscura entidade Profunda caverna da leviana crueldade E que tudo dentro de mim habita Alma infringida Corruptela da esfinge Finge que me existe Quando vale mais simples deitar-se na praia E ser levado pela onda do vazio. Alma de obscuridade Alma torpe e frívola Saliente na incerteza O que te sobra além de uma vazia opinião? Sua beleza no espelho Sua beleza na rua Sua insistente beleza em qualquer lugar Não ultrapassa além do instante Por que apostar tudo no restante Momento que te sobra do vaguear incessante? Na falta de um motivo uma religião Na falta de objetivo, uma nova intenção Mas olhe em volta amigo Você está sozinho Como só está a presa do Leão. Meu apartamento Vazio e triste Como a vida de um elevador Sombrio como a falta do que viver Olho tudo daqui de cima Mas não estou acima de nada Elevador Vazio e triste Como um abandonado acampamento em riste Cada alma silenciosa É uma alma preste à ebulição Cada olhar silencioso É um epílo
Não vejo países de tal forma Vejo uma mentira insistente E onde há países há ideias Ideias de más formas consistentes. E onde há ideias há verdades Verdadeiramentes. É uma brincadeira de criança Que todo dia deixa de levantar da cama Numa caixinha há o sangue derramado Dos que não entenderam bem as regras E morreram sem pedir licença. Países, A conveniência dos que jamais foram vencidos Convencidos. Valem-se Convalescidos.

Freya

Eis um corpo semi vivo esparramado na cama Ou uma cama sustentando um corpo semi vivo Da preguiça suprema até o desejo sombrio de apagar a luz Quanto tempo leva não se sabe E é a dúvida, a dúvida do que se entra lá ou cá... Então se deixa embalar nessa brisa fria Do sono cansado dos convalescidos. A nuvem é só nuvem A flor é só flor O chão é só chão E o céu é só céu Todo o resto fica preso no sono E é a dúvida Para a decepção dos desesperados Que se espera. E é só espera E só se espera por ela chegar.

Glassworks

Se flutuasse uma pedra Nessa água imensa Como as coisas se diriam? Se cortasse a árvore Com tronco, galho e tudo Mas ela não caísse Como explicaria? Se o vento que ventasse furioso Não movesse nada Ou se todas as coisas na verdade É que movessem o vento? E se o gosto de tudo Fosse do gosto do nada? E se a interrogação Não fosse interrogação Mas pura exclamação De uma simples insatisfação? E se o simples fosse Tão simples ou mais pudera Que fosse tão complicado Que seria simples de se explicar? E se o menino que não sabe nada Soubesse mais do que o necessário Do que é necessário ser sabido? E se nada se formasse Desse nada? E se todo movimento Não tivesse direção Ou toda direção Não tivesse caminho Ou se todo caminho Fosse puro, transparente E sem movimento? E se toda alma fosse cética E todo ceticismo tivesse a fé De que cada alma é como uma pedra Que flutua sobre água E que não se explica E q

Do Pior Abismo

E foi num piscar de olhos que tudo passou de ser E passou a ser de tudo E foi de tudo passando Pra passar sendo. Foi num piscar de olhos Que nessa hora muita coisa mudou A cor da casa As janelas fechadas As portas trancadas Seu rosto no travesseiro Meu rosto no travesseiro O acalento daquele amigo travesseiro. O cheiro daquele bendito travesseiro. E foi também num piscar de olhos Que mudaram os sons Cantos tornaram-se lamentações A música virou ruído O som da noite virou medo O som da casa virou silêncio (De apenas uma porta se abrindo por dia) E o silêncio virou solidão E a solidão virá E virá a morte viva Do horror do renascimento. Num piscar de olhos Mudou o olhar O olhar pela janela na montanha O olhar pro horizonte na beira da praia O olhar para a esperança duplicada E o olhar para o futuro Quando se olha E não se vê nada E olhar para si Quando muito vê Pouco mais que um passo a frente. Metade que sangra Metade que pensa que já foi Alma sia

Estrelas no Céu Escuro

Eu exijo meu direito de, em paz, poder ser triste De sentir aquela coisa amarga e rude Aquela coisa áspera e sem consideração, Uma dor espinhosa, apimentada no estômago, Tão inconveniente e segura de si Uma coisa plenamente certa de que sabe o que quer fazer. Tão sem necessidade de recorte Ou compartilhamento Tão sem filtro ou disfarçamento A mais pura loucura de humanidade Exijo. Exijo que eu possa descer ao fundo do poço E fique lá recostado E que faça amizade com os mais pútridos organismos E que sabote repentinamente até o meu lugar no ciclo da vida Uma vez que a superioridade em ascender Não entende a simplicidade no permanecer, por necessidade. Uns vivem em casas, outros em poços. E quando virar a esquina, e nada encontrar Apenas um monte de desconhecidos Ou apenas um grupo de possíveis semelhantes Ou de semelhantes distanciados Ou de distantes amontoados... E quando virar a esquina, E esperar o telefone tocar, o email chegar Ou quando nada vier na te

Anactesia

Atenta a esta embriaguez plástica Sei que não sou tola meu amor Sei que esse mundo é pura lástima Mas porque corrói-me a coragem pela dor? Se por um momento apenas, Esta alma endócrina Pudesse se livrar de tanta perdição Ser pura, cristalina, leve como a mão De uma poente virgem que em tudo se acredita E extiguisse do mundo cada passo vacilante Cada interrogação. E por esse epítome de vida, viva inteireza Que certos seres nada querem senão provar Um gosto dessa intensa beleza Enquanto prófugos vagabundos vão Daqui desse poço torturante O mortal caminha, furioso Ora consternado, ora questionando Ora vai sem se lembrar E tem hora que até procura aceitar Que mal há, oh espírito convalescido? Que mal faria, se diante dessa tortura errante Pudesse ter o vislumbre da luz mais cálida E que varresse da alma por instante Toda a tristeza, todo o mal Num aviso nobre e que emociona: Minha filha que em mim não crê Crê que aí resido, toma esse corpo Vive uma porção do