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Maquinista

O maquinista puxa o cordão A locomotiva apita Chegou o trem, o povo sobe A locomotiva sai O maquinista puxa o cordão Saiu o trem, o povo espera A locomotiva apita O maquinista puxa o cordão Checou o trem, o povo desce Mas então como se fosse num sonho A locomotiva não apitou mais O trem não saiu e nem chegou mais O povo não desceu e não sobeu mais O maquinista parou E como se fosse num sonho Olhou para o horizonte e viu o pôr do sol Pela primeira vez soube o que é calor Em lágrimas, bateu forte o coração Sorriu, pediu perdão e se apaixonou. Na estação, adormeceram mil anos de amores O tempo não mais se foi, estacionou. A locomotiva em ferrugem, vagão de flores.

Castelo de Praga

Castelo de Praga Tua bela arquitetura Teus belos portões represando a segurança Tuas belas torres que erguem-se à perder da vista Das mais belas voluptuosas imagens do céu Tuas belas janelas,  que em grande parte  Portam a frágil luz sobrevivente Da vela que há muito se acendeu e morre Pouco em pouco  Derrete-se sobre o parapeito  Jaz a lâmina de um guerreiro absoluto lá E do outro um penhasco aqui. Muito se especula das batalhas no arredor Pelos longos infinitos corredores  Que aos ecos servem de abrigo Ecos de todos os tempos e sorte de emoções Tuas pontes que interligam todos os caminhos E que trazem todos os tipos augúrios Sem muita proteção. Pouco sabem das batalhas de seu interior Os gritos de dor e desespero Os prantos que ergueram os seus muros As valas que escondem morte e sofrimento Os silêncios e murmúrios de corações que sangram As mulheres que aos gemidos confessam o coração As palavras que cortam o vento Os esfregões que lavaram lágrimas e secreções Os choros de nasciment

A Chave 2

Cada qual, ao que se parece Carrega desde que se nasce Uma chave em bolso tece Que em desuso se desvanece As vozes que nos sussurram Mais parecem zumbidos - Vai para lá, vai para cá Vai para lugar algum. Quando se encontra uma fechadura - Entra aqui menino, Aqui é a casa de agrura. Que é agrura? Fica e saberá. Às vezes as vozes erram Nos levam pra qualquer lugar A chave da infância não foi fantasia A porta que se abriu foi armadilha.

Um Perdão

Apenas siga em frente, porque não te quero o mal. Não precisa me dar o que te peço, mas perdão por ter te machucado. Não deixe que o rancor e ressentimento te destruam. Acima de tudo, apenas tentamos, e não deu, plantamos um sentimento em solo infértil, virou veneno, e nos consumiu dos pés à cabeça. Teus sonhos são grandiosos, teu futuro será brilhante, tua vida valerá a pena, e não precisarás provar nada a ninguém, porque a única coisa que realmente importa é viver. Fique em paz. "Salmos 139:24 Vê se há em mim algum sentimento funesto, e guia-me pelo Caminho da vida eterna!" "Lucas 6, 27-28 Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam."

Uma mentira contada mil vezes...

Não concordo com a fala popular de que uma mentira contada mil vezes se torna verdade, porque ela tem um defeito lógico bem a princípio: se eu disser mil vezes que uma casa vermelha se ergueu e começou a caminhar sozinha em direção à beira da estrada, me agredindo no caminho, a ponto de me machucar, isso não se tornará verdade. Para que essa história se torne verdade, eu preciso primeiro de um aliado, uma testemunha impressionável e que se deixa persuadir pelo que eu falei. Ele não precisa nem mesmo ser meu amigo, apenas um ingênuo que estará ali pra dar sustentação, e às vezes, até mesmo uma impressão de que a minha mentira tem lá sua lógica. Este meu aliado pode dizer coisas assim: "é verdade, pois ouvi dizer que estavam construindo casas mecânicas autômatos, que se movem sozinhas conforme as necessidades do seu dono, e são programadas com defesa pessoal, tudo pelo computador". E pronto. A minha multidão, a minha plateia, as pessoas que eu arrebato com a minha história sedu
Às vezes sinto que a depressão virou um acessório, um espelho turvo que muitas pessoas usam e não reconhecem que a carga mental pesada se trata de uma cobrança das emoções mais íntimas contra suas atitudes em relação ao mundo. É mais fácil se queixar de depressão e achar que tudo está contra você quando você toma as piores decisões, onera sua consciência e não leva em conta as consequências das suas próprias escolhas. Gentileza não é uma via de mão dupla, porém, cruelmente, a maledicência sim.

Chama

Hoje o corpo está leve Etéreo, quase flutuante Limpo e cerimonial Pronto para o cortejo Macilento, sepulcral Em pacífico e eterno silêncio Pele seca e dormente Língua dura e silente. É o momento de descanso A cama do estupor Salvação da consciência Envolto de alívio, sem dor.

Ponto e Vírgula

Fique comigo  Fale comigo  Dance Comigo  Essa história tem ponto final Mas não é agora.  Sempre há espaço para mais  Espera;  Sei que te seduz  Laço ou pulseira vermelha  A palidez e a falta de ar  E ponto preciso  No buraco aberto das têmporas  Fique comigo  Fale Comigo  Dance Comigo Faça uma oração.  Ainda não acabou.  Como acaba o mundo  Enquanto a gente se distrai?  O coração como uma prateleira de enlatados  Como encobre o mundo  Enquanto a gente se destrói? O coração como uma praia de encalhados  O último canto da baleia não embeleza  O último encanto da princesa não eleva  Mas ainda não acabou  Fica comigo  Carrega tuas tralhas e amontoados  Fala comigo  Mesmo numa língua errada  Dança comigo  Mesmo com os passos em falso  Ainda não acabou  Mas vai, vai.  Vai.
No canto mais escuro da casa A câmara menos visitada O acúmulo das poeiras e dos tecidos antepassados Lá está Debaixo das histórias sobre os heróis da ditadura E dos profetas do bom Cristão Um espírito Refletido por velhos espelhos Atravessado por um ar pestilento Um pai e uma mãe de costas Suas mãos pesadas marcam a história num grito E se houver uma pequena possibilidade Ouvirá um som distante de um sonho que vai morrendo Meu sonho