Na Rua Oliveira Não há nada a evocar Mãe! - gritava eu Oi - gritava ela Cadê meu tênis de brincar? Vê debaixo da cama Vê na lavanderia Vê lá no quintal Não estava em nenhum lugar Nunca esteve Nunca houve tênis Ou talvez não sirva lembrar Tudo o que eu mais amava Jamais pode existir Recordação imposta Difusa e enlatada Recordação do nada Cortinas de linho Tapete de algodão Terreno baldio O pau e bola na mão Terreno baldio Como as lembranças Do que se acabou pela metade Correram por aí dizendo Diretas Diretas Diretas De retas e caminhos que jamais passaram por aqui Mas bajulamos o abandono e o esquecimento O seu fulano (todos eles eram) que sorria sem a parte da perna Tudo aqui parecia feito pela metade Seu Cirilo não tem perna Seu Fábio perdeu o braço na máquina O Alemão que batia na mulher A gente só ria Não existe raciocínio na tragédia Aqui nunca chegou mensagem, história, ciência ou explicação Mas todo biênio é eleição Aqui tudo é conclusão No mês de outubro Dona Maria e seus dez ca
Não leia este blog! Aqui tudo é mentira, fingimento ou imaginação.