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Conjugação

A gente senta e se sente só Café na caneca de porcelana Escuta os sons da casa vizinha Canta e conversa com o rádio de pilha Sonha casa e jardim marido e filha Estremece e esquece da escotilha Se deita na cama e sorri solitária. A gente conjuga o verbo sem nós

Objeto Familiar

Despencou uma estrela Da mais longínqua galáxia E foi cair aqui no meu colo Em inconsciente ataráxia. Ergui-a em minhas mãos Beijei-a e disse: - Olá, por onde tem andado?

Rio Grande do Sul, Quatro de Dezembro de Dois Mil e Nove.

De todos os lugares para se viver, o coração humano é o mais inóspito. Lugares onde vivem apenas nômades, os mesmos que tiveram coragem de abandonar seus lares seguros para se aventurarem em um terreno desconhecido. O mais precioso dos bens, território que ninguém rouba, se for conquistado com sinceridade e bom afinco. Há quem queira empilhar plásticos e ferragens em armários de mármore. Mas desde que nasci para a vida, virei um colecionador de corações.

Minha Origem

Escuta o shhh do rio que corre. Ouça que não há exclamação. É reticências E meu pensamento com ele flui. Escuta o vsshh do vento que bate. Ouça que não há exclamação É reticências E meu pensamento com ele voa. Escuta o flish flish da folha que cai Ouça que não há exclamação É reticências E com ele adjacência meu coração.

Você se lembra disso? Eu sim!

Eu me lembro bem. Era mais ou menos em agosto, do ano de 1997. Eu tinha 14, você tinha 12. Como essa época ficou marcada em nós. Eu me lembro bem que o professor Isac te pôs para fora da sala por causa das suas curiosidades ousadas. A indagação infantil vira uma arma fatal aos ouvidos de um adulto convicto e esclarecido: "Professor, mas na bíblia Jesus não disse que o único que pode falar com Deus é ele mesmo?" "Professor, não está errado acreditar em Santa Maria sendo que Jesus é o único que pode falar com Deus?" "Professor, Jesus não disse que ele era o único que pode nos levar até Deus?"... e você não parava, cada vez mais fazia perguntas. Eu ri, porque achei muito engraçadinha toda aquela sua curiosidade inocente. Em todos os anos de escola que convivemos, parecia a primeira vez em que você se interessava por algum assunto. Mas acho que eu fui a única que percebeu isso, porque em questão de 4 ou 5 perguntas a paciência do professor se esgotou, e vo

É Dezembro...

O ano não poderia terminar de jeito melhor. Que as minhas impressões não me enganem, e que tudo o que eu esteja vivendo não seja ilusão. A vida tende a nos iludir. A vida sempre foi ela mesma, a ilusão está na própria mente. Mas quando lhe são negadas as verdades desde a infância, e quando se acostuma a promessas não cumpridas, fica difícil incorporar a diferença entre verdade e mentira. Cabe-lhe aquilo que lhe é mais confortável. E só. E quando a impressão fica Dezembro das flores Dezembro das dores Dezembro multi falhas Cheia de nódulos Cheia de cores Dezembro de preto e branco É dezembro dos falsos Cadafalsos de odores. Dezembro de fim de ano Dezembro do início dos planos Em dezembro vira-se o barco Caem as caras todas no charco E sobem do lodo em renovação Dezembro das promessas Dezembro da ilusão Ateam-se fogo nas lareiras Escorrem as águas nas ladeiras Dezembro de pratos e peneiras Dezembro de doces torniquetes Dezembro de san

Salgueiro

Há a maior alegria em minha paz Quando uma folhinha despenca Do mais alto galho Do salgueiro tranquilo e audaz. Cai em minha mão  E a minha vida se resume num ímpeto sutil. Um sorriso apenas, sem brio Um palpitar de coração apenas E uma respiração apenas, sem frio. De resto A vida torna a seu curso maior Por ter em mãos a simplicidade plena O lago acalma, o vento para, a planta amena Acena.

Tsemaya Sentle Imaan

Abrem-se os finos céus Olimpos ou Paraísos Enquanto os deuses choram. Um caminho negro e vivo Arrasta-se nas alamedas Enquanto as Deusas oram. Pés exaustos, resvalados Caminham pensando a sorte. É uma marcha de dor É uma marcha de morte. Confunde-se a pungente dor Com a alma de sua cor. Trazem nela as marcas da história Dos infinitos açoites Dos buracos de fome Dos dias de eterna noite Das infinitas mortes sem nome. A morte aqui é branca Negra é a viva alma Caminha na sua sorte Uma marcha de dor Uma marcha de morte Uma mancha, um corte. Os céus se abrem Não no dia claro Não na porta luzidia! Caminham na sua sorte No mais lúgubre do dia! A cada passo caminhado Sorve o sofrimento De um anjo que é contemplado. E neste duro firmamento É eternamente esquecido Mas eu cravo com brio A ponta firme de minha dor! Tsamaya Sentle Imaan! Tsamaya Sentle Imaan! Vá e leve contigo Um pedaço do meu amor! Um anjo bom é esquecido Não canonizado Um anjo puro,