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Eu sabia que poderia pensar Que é possível destruir muralhas Com a força do pensamento. O pensamento nunca está pronto É uma pena quando está
Quando todo mundo acreditar finalmente que a solução da soma de 150 + 150 é igual a um polinômio de batatas, teremos um suicídio coletivo.

Balão

Quando me falta a palavra certa Para tirar de dentro do ser A verdadeira explosão. E que quando explode Deserta uma tragédia horrenda Tudo pela imobilidade. Andar de cima andar debaixo Quando só existe o tato A gente não sabe se viu espírito Ou se só passou um gato. Cai cai balão Cai aqui na minha mão Quando estiver perto de mim Queima até o último tostão.

Na Espera da Estação

O próximo trem tem como destino a estação Osasco Assim disse a voz do condutor Esperai esperai como quem espera por um milagre Sai de dentro uma moça de saia (A moça sempre está de saia) Sai de dentro um rapaz que está de calças (Ele não usa saia, por que deveria nos alertar?) Sai de dentro um moço que não deveria estar lá Esperai esperai como quem aguarda o próximo trem Mesmo na estação de trem, é só trem que chega. (Mesmo que consigo, só nos traga a chuva de outra estação) Enquanto o tempo passa, ele não passa Enquanto o mundo gira, o tempo para Enquanto o tempo urge... Nada surge de verdade. Esperai esperai como quem aguarda o fim do ano Mas no planeta Júpiter ainda não existe o Oceano. O aguardo é tanta coisa até que virou floresta E onde estava o banco, era árvore. Decidiu pegar um ônibus sem destino então.

Homossexuais

Quanto mais eu penso a respeito, menos eu compreendo porque a sociedade discrimina, zomba e agride casais homossexuais. Eles dizem que não é natural. Mas o que há de mais antinatural do que negar a maior de todas as naturezas, a morte, em função de provar para a sociedade que você não é quem realmente é, afim de agradar algum tipo de Deus que você inventou para si mesmo, enquanto adapta a este mesmo Deus a tudo o que há de moralmente errado com você? O que não é natural é o medo de pensar que, talvez, a eternidade seja apenas uma maneira narcisista de não querer aceitar a morte e o esquecimento.

A Saída

À mesa do jantar, nesta abastância de sabores Perco o apetite. Caio no mar Quanto de mim espirra? E quanto sobra para enviar? Qual é o caminho? Voa em direção à penumbra eterna Dar o último gole, do último vinho Segue no trilho da infinita caverna Ou sustentar a morte com o amor.

Anapneo

Sonho como não deveria. Deveria ser assim: Da forma diferente de agora Uma trilha na montanha leva pra cabana reclusa Lá dentro não tem tristeza nem ansiedade A gente olha pro mar e não sente saudade De quem a gente é agora porque não sabe como é Estar longe do que a gente não quer ser. A gente anda na praia de mãos dadas Com a sombra de quem completa nossas falhas (Sem que as falhas voem para lá) E sonha com o dia sem incômodo. E com o dia sem gente, Só com a gente. O incômodo sem incômodo é incômodo menor Não é assim tão mais cômodo? Mas em um mundo sem tormento Não há a beleza de movimento A paz que eu espero desta parte É a paz do constante envolvimento Com o caos que envolvo esta arte. Deveria ser, é assim: Uma montanha erupta morro acima Uma trilha para uma caverna confusa Lá dentro não tem luz, nem felicidade.

Rock People

Você nunca será Disseram Não fui Porém sigo sendo Até enquanto houver ousar Mas ar enquanto está tendo Não hei O que quer que seja Que não seje Suje... Saja voa como voa a asa E vaza Ninguém se importa da sua importância Ou sabe da essência Como sangue em aberta artéria Arturia em sua lenda do ser No molde do teatro moderno Cumpro meu papel com feitio De fato em goma e falso estio Mas que impeça desta breve estilha de vida Dai-me então o pronto tiro Enquanto está ditadura morta Me dá preguiça. Do Basque até a Sevilha Cantabria é eterna lenda Celta afora nesta selva de matilha.

Você

Meu corpo Não é mais minha cela embaraçada Obscura e confusa Confiscando os desejos. Entra o pasto a rua cidadela Passo, após, passo, Andarilho pensante Seu passo insistente e amante Minha mente é a minha chave E desde então nada é estranho Sem cercas, portões ou células Borboletas. Planácio. Laranja. Libélulas. Aquelas coisas que só nós entendemos. Subi ao patamar de anjo Ou desceste ao inferno Ou apenas nos vimos na rua E nos reconhecemos. Eu te vejo nesta vida cínica e teimosa De fechar os olhos para a dor De deixar-se seduzir pelo mundo Optar a tudo, e no fim, ser amor. E que me transforma no melhor que tem de mim Sem que eu saiba direito quem eu sou. E que se esconde em mim sem que eu sinta vergonha De aceitar a vida com tudo o que ela traz Faça bem ou faça mal, faça. Não importa com qual pronome se conjugue Apenas é isso, apenas me abraça. Tudo fez mais sentido e mais clareza Quando achei melhor sentir medo, chorar de tanta tristeza, percebe