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Édipo

Eu te amo? Eu te odeio? Eu sinto que posso estar refém Desta treva absoluta? Má vontade de ser Ou falha de conduta? Conhece-te a ti mesmo Quando não conhece O que o faz continuar Este filho pródigo Que à casa tenta retornar Não sente vontade de perdão Nem arrependimento. De pausa em pausa Tudo o que cresce É só rompimento. A pele nem mais é pele É armadura. Mas não sou guerreiro Sou mais um troglodita Perdido nessa selva de amargura.

Ghost

Quem dera soubesse dizer Quem é o inimigo desta guerra De batalha em batalha Viro menos homem do que cai-me terra Estas palavras tão cheias de preguiça Acertaram o mar Mataram talvez um nadador inocente? Quem dera soubesse o que fazer

Pote de Areia

Larguei a mão com suavidade Dentro deste pote de areia Randômico Ou ampulheta Tanto faz É parte da imaginação Escorreu a areia por entre os dedos Vi todas as minhas condições Li a mão como a um livro raro Que sensação de calma Como descer na lagoa da redenção Que quando vi Estava idosa Olho pra trás Não olhei nem olharei Olho Nas pegadas que ficam na praia Tortuosas Vale a pena Chove e seca ao mesmo tempo A vida é um sempre Pote de areia Querido eterno ente

Ode a Uma Alma Destruída

Serei a eleita a destituir teu poder sobre mim? Enquanto aqui ajoelho submissa Você me pega pelos cabelos Ergue minha cabeça e faz de mim A escrava mais que absoluta! Até quando virá esta perdição? O quanto mais resistirei à luta? Sou apenas uma alma frágil, eu sei Ela está aqui exposta como ferida aberta Arde a cada leve brisa A cabeça estoura ao mais ameno som Ou me deixa ou me deixa Destrói-me até o último dia Desapareça ou fuja Largue-me no lamento ou na queixa Enquanto me jogo no chão, indefesa É isso, sou isso, apenas isso Esse pedaço de autopiedade Sim! A vida não é brincadeira! Sim, estamos diante do colapso mortal Entre a casta que aborta a esperança Ou a multidão que se finge de freira Mas pouco importa enquanto cavo este poço infindo E descubro a cada metro fétidas verdades Sim! É isso? Sou isso? Apenas isso? Essa larva interminável corroendo com amargura No enquanto que não sai de mim Ganho pouco a pouco uma escuridão tardia Deixo uma pel

Constelação

Quando eu olho pro céu É mais ou menos assim Esse brilho que de vez em quando some Tem estrelas que brilham mais que as outras Tem estrelas que eu nem vejo Será que alguém vê estas estrelas que ninguém vê? De algum lugar desse mundão? Que exista uma ponta? Mas esta estrela que não está lá Não deixa de estar Ainda assim, eu temo pela minha importância De certa forma é assim Estrela que brilha Estrela que some Estrela que sempre está no céu Tem estrela que nasce pra brilhar e ser mais vista Tem estrela que só existe Mas pra mim, é estrela mesmo assim Como eu amo todas as estrelas! Mas daqui debaixo eu tento Acalma É só contemplar Contemplo Meu versinho meu universinho Cabem todas as palavras que eu puder Sou só uma

Tempestade

Quanto tempo leva Pra que este rápido relâmpago Divida-me da cabeça aos pés E já nem mais serei duas Serei múltipla no revés Este frenesi constante Bate em mim como a uma megera Não domo minhas dores Não dôo minhas flores Ah essa vida! Quimera! Ah essa vida tão pura! Mas estes olhos tão carnais! Manchados com algo tão solvível! Algo tão pouco guarnecido! Essa linha contínua! Atira-nos assim, entre o limiar da sede! E da mais sublime loucura! Ah essa condição desconhecida! Que tortura! Essa condição de ora servil de mim Ora servil de escrava sua! Qual a monção que a tempestade me leva? Para qual selva hostil esta sina existe? A vida que cresce, ela insiste Mas e eu? Que desiste? Ah esta vida que passa a ser só dor Seja lá ela como for, vil ou pura Enquanto fica em busca desse ópio Vivo apenas em busca de cura! Ah essa vida! Que dura!

Sangra

Acho que tem alguém me olhando por aquela janela. Shh escuta. Nossa, escutar o que? Ele não tá nem fazendo barulho... É que as coisas vem me deixando assim mesmo, desorientada. Já ouviu da última? Que quem comete a gafe é que demanda piedade e exige perdão? O perdão agora é assim, saldo, liquidado, sem luto e sem nada. Que se exploda sua alma que sangra, se é sangue de dor, de hímen, de menstruação, daquele arranhão nas costas daquela noite... Se é feito direito é amor, mas se não, é açoite, ainda que seja, é sangue. Como saber distinguir? Cospe e bate na minha cara igual uma... Essa carapuça que não me serve mais, porque na boa, cansei de dar. Andei dando pra caramba por aí, dei mais que prostituta desesperada, mas cadê os meus trocados? Já viu prostituta depois do sexo, fingindo que é feliz, forçando pra ser sua amiga? Sou eu. Mas eu sei que quando você paga, veste a roupa e sai fora, você só vira olha: que gostosa, mas é puta. Todos somos, mas uns lucram mais do q

Verborragia Curativa

Por que às vezes sinto tanto ódio das coisas e a serenidade me cansa? Eu já nem ligo mais pra esse desespero patético das nações em se acabarem em guerra em prol do controle mundial. Existe uma força muito potente em mim que mesmo que me corpo esteja escravizado, o que não é muito diferente da minha condição atual, minha mente nunca deixará de ser livre. A maior evidência que me dou é não temer nenhum tipo de crueldade humana. Que seja, façam-me sofrer por não aceitar seus esquemas sujos, por não seguir suas ideias podres ou sua religião morta, eu realmente não dou a mínima. E não, não é a postura de um mártir, é a visão de alguém que repudia essa classe de seres vivos que se intitula o topo da cadeia alimentar. Mantenho-me vivo porque gosto de mim e gosto do que sou. A minha diversão é desprezar essa corja. Não me importo em ser arrogante, não me importo se essa intelectualidade pareça falsa, não ligo para seja lá qual for a sua análise psicológica perante o meu comportamento
A santa paciência da vida. Esta paciência que em tudo a gente espera, e nada acontece. Grudaram o meu cérebro no teto de uma Igreja Basílica, daquelas altas, em que nos sentimos um grande nada. As coisas simplesmente pararam de fazer sentido, e agora, com pessoas tentando nos trazer de volta ao limiar da ignorância, com um negacionismo da fatídica falta de sentido da vida, isso me cansa ainda mais. Parece que me querem fazer crer que as coisas que eu sei, eu soube erradas, essa atitude fajuta de reescrever a história apenas para comprovar que o que já foi comprovado não pode de fato ser comprovado se for fruto de uma história inventada. Mas como fazer para superar toda essa questão, toda essa problemática? É como se eu visse além da nuvem e pensasse: ok, aqui é fresco, mas o que vem depois? O querer depois, essa insistência da vida. Santa paciência enquanto eu vivo nessa impotência servil da minha condição limitada. Mesmo que algumas pessoas não tenham ciência disso, d