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Silêncio

Eu te guardei alguns versos bonitos Antes que meu espírito se calasse E te digo, meu bem, que sobraram algumas palavras bonitas Mas se me deixasse transformar todas elas Nas ações mais puras pra que te mostrasse Que essa vida não é só tormento Poderia precisar apenas de silêncio Te amo silenciosamente.

Locomotiva

Há o escuro em minha alva superfície Sua seco o sem santo elixir Sobra apenas o gás da imundície Sobe apenas o que deixo de existir. Dentro aspira, rouba minha vida Em seus trilhos vil locomotiva Fora expira, larga-me a ferida Fica a estação, faz-se a votiva Mas frágil alma, frágil criatura Não segue o passo da vida prometida E parte o trem sem mia presença E fica assim, em solita tortura Veneno esfumaçado, morte vertida Em gás espiralado, minha sentença

Sue

Please Sue, don't leave my side Give me the strenght to embrace you There was this girl who had so few memories That she ceased to exist She decided then, to become wind And it swept all the bad feelings away Everything vanished in a sweet relief of pain She marched to the top of a hill Where she, with a look, gazed at her lifetime will Everything was wrong, nothing was new The lady on the leap of life Mourning her confusing fate, stood still She mumbled, in silenced tears Stuck in cold prison through the harsh of years "Please Sue, don't leave my side" Taking the leap, her spirit floated above the seas Faded out athwart the centuries Obliterate she was, a canvas in the sky Disregarded as ever was, transmuted Into a fast shooting star Now everyone makes wishes Albeit she did for her being But nothingness becomes nothingness Down there, where the floor is the floor A bruise on her neck A chair on the door A soft tune of weep The sunset

O Último Raio de Luz

Bem que tudo podia ser pôr do sol Mas fotossíntese Bem que algumas coisas fossem Apenas alimentos Mas vitaminas Bem que a cor fosse apenas da flor Amarelo, vermelho, branco Porém, angiospermas Talvez as coisas fossem apenas Sim ou não Nessa cruzada contra nós Nós morremos Buscando um pouco de vida Na medida em que sentimos frio Sentimos que o agasalho não foi o bastante Como se nada fosse o bastante Como se o ar e água não fossem o bastante. Como se o amor fosse uma criação. Corri atrás de montanhas Pra ver que lá no alto Só havia isto: A imagem de um homem triste Um homem no deserto Um homem enforcado Crucificado Chorando Perguntando-se "Pai, por que me abandonastes?" Pois se é pelo bem geral Este último raio de luz Nada me mostrou

Aquela que não vem

Despertei esta manhã com uma lágrima laçando o peito Que desatino, que falta de elegância Assim no meio da andança Até derramei o café Sufoquei um grito Mas a lágrima, nada A manhã estava fresca A ficus agitou-se num bom dia Mas o peito afogado Dessa maneira sem razão Não me entornou ainda a vida Tudo o que é tortura pra saúde Reside no futuro Saúde, paz, fortitude Mas lágrima não larga da sua feita Sem um pingo de consideração Ela me aperta até que eu caia de joelhos No chão.

Penumbra

O mundo em si Na caverna da abstração Seguem-me Ou sigo-as eu? Às custas da imagem inconstante da inconsciência? Amanhecer é uma ideia Onde está, pois, o corte? A delimitação? O saber é presente O sábio ente Preenche-se, ao redor Está no ar e na água que ingere Está na luz que teu olhar atinge Mas não nota? Permitir-se? O limiar entre a noite e a madrugada O animal que uiva ou caça O homem que está de pé, e anda.

Joelma

- É ele quem tá falando. Ouvi o som de mute  no telefone "ótimo, telemarketing"... é consenso entre os concidadãos que nós odiamos essas ligações, mas eu tenho um motivo a mais para odiar. Foi quando meu demônio de estimação saiu voando pela janela e pelo seu rastreador infernal conseguiu detectar a frequência, e em cinco minutos eu ouvia berros de agonia e desespero do outro lado da linha. Ao que parece aproveitou a oportunidade para deixar claro que não se deve incomodar os seres do outro mundo, e muito menos os seus hospedeiros, o que resultou em por fogo em todo o prédio, rasgar as pessoas ao meio, arrancar suas vísceras e largar os corpos num cenário de putrefação e desgraça que faria qualquer bom Cristão temer pela sua própria fé. Mas minha imaginação foi interrompida: - Senhor? Senhor? Olá? - Sim, pois não. - Meu nome é Joelma, eu falo em nome do Banco do Sudão, e o senhor foi contemplado com a nossa promoção... - Olha Joelma me desculpe - inte

Quando um Herói Cai

A cidade amanheceu em polvorosa Trânsito Assassinato  Sequestro relâmpago Abuso Ofensas Roubos A cidade dormiu órfã Quando não houve ninguém Pra ser sua balança moral Se a cidade soubesse O quanto era seu os seus caminhos Mas o poste das ruas precisava estar aceso O bebê chorando no andar ao lado E o homem que podia Mas não se levantou.

Da Estátua ao Pó

Acordo O Coração está oco Sinto tudo Não sinto nada Sento em nada Não sou nada Sento Coragem errante Erra por aí Erra por ali Erra pela estrada Penso na coisa errada Reconstrói e vai O erro é a chaga Não me levanto Não sinto nada Ninguém me escuta Ninguém me sente Ninguém me cheira Ninguém é gente Respiro O alecrim e a menta A planta e a arte Eu sinto cheiro Não sinto cheiro Eu tenho cor, forma, fome e desejo Eu não te tenho Não tenho nada Não temo nada A onda anda Por onde anda a banda Bandeira? Eu ando na sua onda Eu quero sonho Vivo guerra Ei vivo em pedra Eu quero terra Não sinto em nada Não penso em nada Não penso em mim Oh vida errada Eu penso em mim Ninguém me toca Ninguém me choca A asa pórtica do amor Se desfalece da paixão caótica. Oh noite cólica Caleja o peito E sufoca! Sonha e me solta Teme a prisão E me esfola Eu sou homem de aventuras Eu sou menino de escola! Eu me sonhei Eu nos sonhei Eu te prendi Te sufoqu

O Remorso

Cometi o pior dos pecados que um pode cometer.  Não fui feliz.  Que os glaciares do esquecimento me arrastem e me percam, desapiedados.  Meus pais, que me engendraram para o jogo arriscado e formoso da vida, para a terra, a água, a volta e o ar, o fogo e a ida, Defraudei-os.  Não fui feliz.  Cumprida não foi sua jovem vontade.  Minha mente se aplicou às simétricas porfias da arte, que entretece naderias.  Legaram-me coragem, não fui valente.  Não me abandona.  Sempre está ao meu lado  A sombra de ter sido um desgraçado. 2010