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Perdão

Desejo a todos aqueles quem um dia desiludi Que encontrem um verdadeiro novo amor Ainda que dentro de si mesmos Ainda que na passagem do vendedor de rua Ou no bom dia da vizinha que parece sempre estar ali Desejo que haja cura Para as mágoas que causei Desejo que haja menos sofrimento Numa lembrança que não quis deixar Que não haja mais para nada dos erros Uma palavra que sepulte a tudo Que não se ponha numa lápide Para que aquilo não seja o resumo Do tanto que se pode viver No breve sopro da existência Desejo uma cura para os males que deixei Quando em momentos de desespero Achei estar fazendo o bem Mesmo que para mim mesmo Desejo ser visto ao menos como um ser Que jamais desejou o maltratar Apenas que entendam que sou um humano menor Tentando entender o que é viver Tentando saber o que é amar. ------------------------------------------------------------- Aos corações que eu machuquei, das capitais aos litorais, perdão.
Amaldiçoado é o coração Onde a felicidade torna-se ironia E é só isso o que eu sou capaz de escrever. Este espaço que é acessado por uns raros anônimos, mesmas pessoas que eu sequer sei se dedicam tempo lendo as coisas que tenho pra escrever, passou por muitas transições. Ele pode ser, por assim dizer, um registro de mim mesmo. Não seria humano a pessoa que não quisesse deixar um legado. E em algum ponto da vida, queremos apenas apagar os indícios da nossa existência. Seremos apenas um mero punhado de palavras que vão fazer sentido pra algumas pessoas específicas, ou não. Seremos imagens, sons, cheiros, nosso legado é isso, e nada além. Não ter mais o apreço pela necessidade de ser e de transformar, é quando muito se fez ilógico. E é isso, de fato, os caminhos da minha própria vida me trouxeram, por uma pessoa totalmente improvável, esta ideia de Albert Camus: o segredo do sentido da vida está em abraçar o absurdo que ela é. Eu nunca li nada de Albert Camus, e só pude as

A você, pessoa importante da minha vida

Isso é para que você se lembre, no futuro, quando tudo estiver diferente de hoje. Você já viveu muitas transformações. A maior parte das suas experiências foram vividas dentro de você. Sim, nós sabemos que dentro de você existe uma espécie de vazio por você acreditar que nunca viveu a vida de forma apropriada, por achar que não tem lembranças ou memórias, ou até mesmo por se convencer de que não é feliz. Uma constante vida solitária o fez fugir para dentro de si mesmo, e tem medo de sair, tem medo de se expor e tem medo de se mostrar. Está se tornando rancoroso, amargo, por causa dessa prisão que você mesmo criou. Mas não veja isso como crítica. Talvez por essa razão seja tão centrado em si, e por isso tantas pessoas não conseguem entender a vastidão dos seus pensamentos. Não, isso não é arrogância, tão pouco petulância ou narcisismo. Isso é saber quem você é. Seus pensamentos são vastos e sua ação é lógica e coerente. Mas como todas as pessoas nesse mundo, você também se envo
Eu queria ter um motivo para chorar, mas eu acho que não tenho. Eu choro, constantemente, e quase que diariamente. Eu choro pelos cantos, ou debaixo da coberta, ou no chuveiro. Eu choro porque o choro vem, mas eu não sei porque ele vem, mas depois bate um sentimento de culpa. Por que estou chorando? Eu não estou doente, não tenho uma forca financeira ao redor do meu pescoço, minha família tem saúde, eu também tenho saúde. Eu me cerco de pessoas que tem verdadeiros problemas, doenças, perderam entes queridos, e eu aqui, com a vida intacta, chorando, triste, jogado pelos cantos. Mas algo me acontece, uma pressão muito forte, algo dentro de mim que me diz que eu devo continuar, devo seguir. Algo em mim me impulsiona e diz que mesmo fraco, eu devo continuar andando. Mas não é algo motivacional, é apenas um sentimento de culpa e vergonha. Eu não sei mais como explicar para as pessoas uma coisa muito simples de se entender, se mudarmos o objeto de análise: eu não sinto mais prazer na vida.

Embarcação

Segue forte navegante A barca da coragem Avante O olhar sôfrego, débil A tripulação morosa aguarda, Flébil Mar ante mar Mar após mar E que nada se conhece senão a brisa Ou se transformo em vento E em furação Mas quem é que sabe? - Terra à vista! Soa forte o alarmante A barca nada diz, nada faz A barca é a neutralidade dos amantes O Capitão incerto Velas, remos adiante Soltas E no seu olhar a dureza diamante Capitão, tormenta avante! Destemido diz: - Sigamos adiante! Aprende-se ir, sem saber em que terra pisa Porque toda terra é terra Todo chão é chão Quando pisa deixa a marca É assim mesmo Lembrou-se de quando nosso Senhor Com um estalar de dedos Transformou todo o Caos Em Caos.

Plumas, Travesseiros e Correntes

Tu que com sua gentil armada Abraça-me com o frio algoz E vagaste-me a vida como em falta Do ar que se exaspera Na fria temporada. Do escuro eu vejo Crianças brincando lá fora Qual criança que hoje reside Na pureza da infância? Cada riso estridente É um agudo estilhaço ao peito No calor da vida Cada forma absorve sua luz Mas o que faz é sombra Sussurros arrastados Por sobre o meu ombro Soam rústicas no romper De silvos silencioso Como suspiro arruinado Nesse rastro amargo. Teu medo de perder-me Solve-me na minha forma O verso que o tálamo entope Desperta o laço dessa força Guilhotina-me em bala como o fosso A úmida pele que resvala. Pela magnífica onipresença tua Que reside em minha vida Como o amor dos meus sonhos de menino Não me a pronto Por ti morro de silêncio Corroído no corredor Das correntes

Silêncio

Eu te guardei alguns versos bonitos Antes que meu espírito se calasse E te digo, meu bem, que sobraram algumas palavras bonitas Mas se me deixasse transformar todas elas Nas ações mais puras pra que te mostrasse Que essa vida não é só tormento Poderia precisar apenas de silêncio Te amo silenciosamente.

Locomotiva

Há o escuro em minha alva superfície Sua seco o sem santo elixir Sobra apenas o gás da imundície Sobe apenas o que deixo de existir. Dentro aspira, rouba minha vida Em seus trilhos vil locomotiva Fora expira, larga-me a ferida Fica a estação, faz-se a votiva Mas frágil alma, frágil criatura Não segue o passo da vida prometida E parte o trem sem mia presença E fica assim, em solita tortura Veneno esfumaçado, morte vertida Em gás espiralado, minha sentença