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Mostrando postagens com o rótulo Crítica

Meus Bonecos Ainda Falam

Bullying, as marcas ficam. Lembro que uma vez li esta frase e foi como me balançar da ponte, porque perdi um pouco a respiração e fiquei atônito. Puxa vida, era pra tanto? Pois é, todos os nossos erros do passado já tem seus devidos nomes hoje. Imagino quais nomes darão para aqueles que ainda estão por vir. Parece até um pouco de egoísmo e orgulho guardar por tanto tempo um monte de feridas e rancores, guardar nomes, rostos, imagens de momentos dolorosos do passado. Pois é, nós guardamos. Hoje sou professor, eu percebo no olhar aqueles que sofrem com este crime social. Crime, pois é o único nome que eu posso dar a esta hedionda atitude que passa despercebido pelos olhos de tantos adultos tolos. Desprezível. Compartilho com vocês, meus raros leitores, uma experiência pessoal: Era o ano de 1999, eu estava na oitava série de uma escola chamada Escola São Vicente de Paulo, na região do Capão Redondo em São Paulo. Uma escola católica que tentava, naquele ano, ainda preserv

Substância: continuando sobre comunicação...

Desde que me coloquei a pensar sobre esta questão, lembro um pouco da proposta dos Concretistas. Aqueles poetas que escrevem (ou desenham) poesias. Afinal o que querem eles? Fazer-se entender de qual forma? Pois esta é a chave, a forma da forma. Num texto escrito é difícil captar a idéia. O poema concreto, pelo que pouco pude pensar, extrapola os limites da leitura gradual. A leitura de um poema concreto faz-se do todo, pois a imagem também diz muitas coisas. O que querem eles afinal? Bem, refletindo sobre esta questão eu pude perceber uma ponta de crítica ao texto tradicionalista, que é este mesmo que escrevo agora. O escritor diz mesmo tudo o que quer dizer? Não quereria ele, manipular a nossa visão e nossa opinião sobre determinado assunto em favor de uma causa que vai além de sua causa individual? Sociedade não é nada sem grupos. Idéias não são nada sem força. Uma idéia sozinha vira mentira, ou divagação. Uma idéia em dupla vira complô, ou vaidade. Uma idéia em conjunto to

Denúncia

Comunicar através das palavras é uma tarefa impossível. Não há neste mundo entendimento, mas acordo. Entender é uma palavra que não se faz completamente fiel quando pensamos que na verdade apenas absorvemos o que não degenera o nosso espírito. Espíritos frágeis absorvem pouco, tão logo, sabem muito pouco da vida. Apenas sua parcela que lhe é favorável se convém. Mas quando há o espírito forte, que abraça a vida de peito aberto, e sabe do seu sabor amargo e do seu cheiro azedo, este a vive quase completamente. O livre não se preocupa em se prender e nem em prender a ninguém. O livre quer apenas descobrir mistérios, desvendar perguntas, admirar-se bobo da até pequena arte que a natureza tenta nos mostrar. O escravo do mundo e de si mesmo, este tende a pensar que pode se comunicar com alguém. Relacionamento social é acordo, não é comunicação, porque a comunicação no mundo humano sempre é defeituosa, afinal, existe a vontade. Denúncia Comunicar Por que? Quando ouvir

Olhar-te

No dia 26 de Janeiro os paulistanos que se prezam puderam presenciar um acontecimento muito importante. Não, não falo do primeiro dia após os 457 anos da cidade suja de São Paulo onde eu moro, embora eu a ame sem explicação. Falo do aniversário de dez anos da Cooperifa, o Sarau da periferia que acontece no bar do Zé Batidão, na região da Piraporinha. E, talvez, como comemoração, houve também o lançamento da revista Cooperifa, que registra um pouco da trajetória e dá uma pontinha sobre o que seria a Cooperifa, que em tanto é muito diferente do que quando presenciamos o Sarau. Na Cooperifa podemos ver um exemplo vivo de uma síntese da história que acontece de dentro pra fora. Por anos das nossas vidas empurraram goela abaixo que Dom Pedro I, Pedro Álvares Cabral, os Bandeirantes, e toda essa elite preguiçosa, são os verdadeiros heróis do Brasil, pois foram muito importantes para... bem, nada! Na época a história era uma coisa muito chata. Sempre contaram mal as nossas histórias, por

A Nação

Houve um dia que eu me cansei um pouco da burocracia que envolve o curso de licenciatura. Esse dia foi, de certa forma histórico, só que meus pés não são o limite do mundo, então tanto faz. Acontece que a burocracia do ensino superior para aqueles que buscam a licenciatura é, tão desnecessária, e tão medíocre, que acaba cansando as energias únicas que sobram ao estudante que paga pela sua faculdade, e que deveria se preocupar apenas com o conteúdo do curso. Quem cursa alguma área de licenciatura sabe do que se trata, a extensa lista de disciplinas que despreparam o ânimo do professor para enfrentar um monstro ainda maior e mais feio: a secretaria da educação e o Ministério da Educação. Parece final de Super Sentai! Professores e políticos, em geral, parecem farinha do mesmo saco. Submissos uns aos outros, dependendo de quem tem o interesse mais poderoso do que quem, todos sob a ordem de uma mão mais forte, que é a do Corporativismo. Quero dizer, nos despreparam para desconf

Carta Aberta Ao Conservador

Não consigo entender de onde vem o ranço que a classe média sente por saber que há pessoas que recebem um benefício do governo, e que é por direito delas, algo que está, ainda que mal difundido, previsto na Constituição. Por vias de buscar este entendimento, escrevo-lhe uma carta aberta, querido conservador. Aqueles que são beneficiados pelas bolsas assistencialistas não são os ditos excessivamente pintados nas anti-propagandas da oposição, tipos que se beneficiam do dinheiro dos impostos, e que abusam por achar que não tem que trabalhar. Sim, há a realidade de pessoas que optam por viver apenas da bolsa do que de oportunidades de trabalho, mas para muita gente isso é uma coisa difícil de compreender. Para você, cidadão, que está privilegiado em um ambiente de trabalho confortável e recebe um salário que pode ao menos ostentar a sua futilidade, esta compreensão só será atingida quando a sua perspectiva se ampliar para além do refeitório da sua empresa e de seu restrito círculo de am

Fanfarra (ou matraca) da Derrota

Olá de novo! Eis que venho falar de um dos meus poemas que mais causou polêmica entre os meus amigos, familiares, conhecidos e poucos leitores. Primeiro gostaria de falar das origens do título. Afinal, por que Fanfarra (ou matraca) da Derrota? Fanfarra é, usualmente, um toque de trombeta, que tem por intuito anunciar alguma coisa. No período onde as monarquias imperavam, ou melhor, posso dizer a grosso modo, no período medieval, a Fanfarra era tocada todas as vezes que um tipo nobre ou real estava chegando em algum lugar público (palácio, castelo, igreja, praça - muito duvidosa para esta última, mas voilá ). Então venho com uma fanfarra anunciar a derrota. E de onde raios vem matraca? A utilidade é um pouco mais abrasileirada. Matraca é um termo que eu conheci lendo o conto O Alienista de Machado de Assis, onde em um momento, um homem chega com uma matraca (aquela mesma do programa Chaves) para anunciar uma notícia de interesse público. Geralmente ele aparece em uma praça, gira a

Diazepam

A sociedade brasileira se equivoca. Não quero delimitar um grupo, pois hoje, todos se equivocam. O caos social impera, e isso é favorável a poucos, terrível para a maioria, pois não temos uma unidade. O que antes poderia ser motivo de poesia e admiração, hoje é um grave fator para o impasse que vivemos. Nossa diversidade cultural e étnica já não me encanta mais, ao contrário, me assusta. Psicólogos admitem que a crise é favorável à mudança. Se as relações sociais se dão através do contato de uma pessoa com outra pessoa, então passemos a tratar o Estado como um corpo vivo, e não mais como uma idéia. Tratemos de enxergar que o Estado, que serve à sociedade (e não o contrário, como ocorre em nosso fascismo mental disfarçado de democracia) está sofrendo com uma doença horrível. Nossas células estão desordenadas, entrando em choque constante. Uma vez divididos, há o impasse, e havendo o impasse, perde-se a perspectiva. Caímos no mal estar da depressão coletiva. Falta esperança, e falta

Através do Espelho e o que vi Lá

Poemas perdem o sentido com o passar dos tempos. Perdem o sentido para quem escreveu, pouco depois para quem leu, e pouco depois perdem o sentido no seu contexto. Nada mais natural. Eis uma prova não empírica de que as coisas realmente se transformam... e ao mesmo tempo não! Um poema escrito há cinco séculos pode conversar diretamente com os meus sentimentos atuais. As pessoas são todas iguais em essência, o que muda é a personalidade. Somos iguais, mas é perigoso encontrar vasta semelhança entre nossos semelhantes, porque todos nós sentimos a necessidade de ter identidade. Em um papo com minha irmã esta noite, ela se queixou de que esse mundo está muito igual. Estamos perdendo o assunto, perdendo a direção. Aliás, parece não existir mais direção. Seria como se já houvéssemos alcançado algum certo limite, despejamos tudo isso no chão tal como um vasto mar, e agora estamos nadando desorientados sobre ele, tentando continuar, seguir adiante. Mas e se não houver mais para onde seguir? J