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Depressão e Narcisismo

Há hoje em dia uma tendência de pessoas se declararem depressivas ou ansiosas, publicamente, alegando a justificativa de que desta forma estarão representando em nome daqueles que não perceberam ainda os sintomas da doença, alertando a sociedade para os comportamentos que podem despertar e agravar o problema. Porém, a forma como isso é feito, essa atitude de "sair do armário" e reconhecer a depressão, isso não me parece de forma alguma uma atitude altruísta. Eu a encaixo, em grande parte, em mais um item da grande coleção do desespero narcisista da nossa época. Não tenho evidências, mas as redes sociais estão aí para quem quiser buscá-las, e como isso é apenas um relato, uma forma de expressar desgostos da minha rotina de pensamento, então não vou me dar ao trabalho de buscá-las. Eu sei que é uma atitude intelectual covarde e preguiçosa, mas não escrevo este texto na posição de criar uma teoria generalista, ditando regras, isso é nada mais do que uma observação, reconhecendo

We

We run as a river Feeding unaware the existences of nameless creatures Marging the limits of our lives And at some point We'll be torn apart I'll someday share part of your ocean Or you, part of my stream In any case We both know We both should know We Are We water

Sancta

Antes do amanhecer Te negarei três vezes Primeiro te direi: Agridoce? Aquele sabor com gosto ocre. Agridoce foi teu amor Numa era em que é tabu falar de amor Em tempos de guerra Guerra consigo mesmo. Debatendo em pimenta doce No vazio do seu peito sem calor. Adriana? Teu nome rima com doença Com doença bacteriana. Adoeci quando amamos você Adoeço cada dia um pouco menos Até que um dia, nesses encontros do acaso Lembra de mim? Quem? Matéria? Explosão? Estrela? Te negarei três vezes, ante o amanhecer. Amanhece, amanhã o mar Árido acena em acidez O sanctus mar morto Da falsa Ana.
Existe uma diferença não muito clara entre ser feliz e viver superficialmente. O estardalhaço que se faz por causa do mínimo, a fim de propagandear uma vida a plenos pulmões, é apenas vitrine e estatística. Na era da pós verdade não me surpreende que tudo seja fingimento, desde a felicidade para esconder um vazio, ou a depressão para apelar a uma complexidade inexistente. Antes eu preferia a alienação. Depois a verdade. Logo busquei a realidade, e termino por viver no sonho. Sonhar me permite viver sem o peso na consciência de que estou em débito com o mundo. Vivo a passos largos para a desentrega.

Ciência da Humanidade

Peço desculpas ao rapaz da IBM que estava lendo o livro de Richard Dawkins, Deus: Um Delírio, e que foi rapidamente atacado por mim, por falta de coragem de encarar que existem realidades diferentes da minha. A matemática sempre me fascinou. Não só a matemática, mas tudo o que a usa como ferramenta, os números, a filosofia, a física, a biologia, a química, a engenharia, a economia, as ciências da informação, as ciências dos softwares, as linguagens de programação, a música, a pintura, a astronomia, a poesia, a eletricidade, tudo o que se originou da harmonia dos números, tudo isso pra mim é arte. Se existe algo que já me incomoda faz muito tempo nos sistemas educacionais do Brasil é essa distinção cada vez mais forte entre Ciências Humanas e Ciências Exatas. Eu ouço essa dissociação como o som de uma facada no meu peito, isso realmente me dói e me incomoda. Para mim tudo é ciência humana, até mesmo a matemática. Eu sempre me lembro da frase de Darcy Ribeiro que disse certa vez

37 minutos

Suas pontas geladas Seus dedos e a ponta do seu nariz Se aquecem da minha energia Contigo eu deito por horas a fio Como se não importasse mais o dia Contigo esqueço de mim Em pensamentos loucos desvarios Contigo quero abraçar o mundo sem poder Sem poder! Contigo volto a ser um refém de mim Dos meus sonhos frustrados Contigo pairo trágico em recuo fetal Contigo, paro Respiro em um pulmão reduzido a pó. Seus dedos não são mais gelados Seus dedos são quentes e sufocantes Perco o ar em soma vacilante Contigo mato os meus amores masoquistas. Contigo paro

2984

Se você quer uma imagem do futuro, imagine um tênis All Star cor de rosa prensando um rosto humano, sem que nenhum dos dois faça ideia do que esteja acontecendo. Pois é Sr. Eric Arthur Blair, eu venci nessa.

Argumentum ad antiquitatem: apelo à tradição

Nada resiste melhor ao teste do tempo do que a sabedoria. Este pensamento me cruzou a mente quando eu estava, nesta manhã, tomando meu café e verificando se minhas roupas no varal estavam completamente secas. Pendurei as roupas ontem à noite, e imaginei que nesta manhã elas já estariam prontas pro uso, mas não, as extremidades ainda estavam úmidas. Ninguém se sente confortável vestindo roupas úmidas. Queremos o calor e o conforto. Há coisas que são mais importantes que as outras, e há coisas que são menos importantes que as outras, mas não é possível, jamais, determinar o que são estas coisas. O que determina é o tempo, é a época, a condição, a situação. Podemos dizer que alguma coisa sobressai às outras, e caímos nos erros das nossas máximas, que quase sempre, comumente, talvez, ou porque não, por uma necessidade de conforto, elas se confundem com a nossa máxima de vida, o nosso idealismo pessoal. Desde cedo somos ensinados, pelo menos na minha realidade social, a renegar

Garota Parnasiana

Aproveitando que esqueci de desativar da minha agenda que esta era a semana do seu aniversário. Que lembrança péssima. Caí na realidade de que você não é tão incrível quanto eu pensei que fosse. Você é rasa. Nada do que faz tem profundidade ou essência de verdade, é apenas o espetáculo pelo espetáculo, o que casa bem com essa geração neo Parnasiana que não sabe o significa do de conquistar, apenas de exigir. Ser notável apenas por ser conhecido, pelo externo, pelo vazio e falta de propósito. E é com essa correspondência que a verdadeira arte há de ser enterrada sob quilômetros de futilidade e falsidade.  Mas é isso, esse mun do foi sempre um espetáculo muito sem substância do qual você é, pra mim, hoje, uma grande representante. Esta geração vazia e sem propósito que se veste de escândalo após escândalo atrás de escândalo, escondendo suas mais perversas personalidades antes de um barulho qu e desorienta, e fica difícil de raciocinar num pensamento de resposta. E a ausência de r

Areia Água Amor

Queria que fosse palavra certa Encravada n'água. Antes de ter a cara dada por máscara Que não adjetiva que lha defina. Mas pedras, rochas, montanhas Toda forma um dia imponente Toda construção que assusta Um dia todas serão areias. O despertador pode despertar sempre no [mesmo número. Mas não na mesma hora. Dá-se a morte sempre eterna De um amor que vira ódio Pelo canto diferente de cada história Mas é só o amor mesmo que importa.