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37 minutos

Suas pontas geladas Seus dedos e a ponta do seu nariz Se aquecem da minha energia Contigo eu deito por horas a fio Como se não importasse mais o dia Contigo esqueço de mim Em pensamentos loucos desvarios Contigo quero abraçar o mundo sem poder Sem poder! Contigo volto a ser um refém de mim Dos meus sonhos frustrados Contigo pairo trágico em recuo fetal Contigo, paro Respiro em um pulmão reduzido a pó. Seus dedos não são mais gelados Seus dedos são quentes e sufocantes Perco o ar em soma vacilante Contigo mato os meus amores masoquistas. Contigo paro

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Se você quer uma imagem do futuro, imagine um tênis All Star cor de rosa prensando um rosto humano, sem que nenhum dos dois faça ideia do que esteja acontecendo. Pois é Sr. Eric Arthur Blair, eu venci nessa.

Argumentum ad antiquitatem: apelo à tradição

Nada resiste melhor ao teste do tempo do que a sabedoria. Este pensamento me cruzou a mente quando eu estava, nesta manhã, tomando meu café e verificando se minhas roupas no varal estavam completamente secas. Pendurei as roupas ontem à noite, e imaginei que nesta manhã elas já estariam prontas pro uso, mas não, as extremidades ainda estavam úmidas. Ninguém se sente confortável vestindo roupas úmidas. Queremos o calor e o conforto. Há coisas que são mais importantes que as outras, e há coisas que são menos importantes que as outras, mas não é possível, jamais, determinar o que são estas coisas. O que determina é o tempo, é a época, a condição, a situação. Podemos dizer que alguma coisa sobressai às outras, e caímos nos erros das nossas máximas, que quase sempre, comumente, talvez, ou porque não, por uma necessidade de conforto, elas se confundem com a nossa máxima de vida, o nosso idealismo pessoal. Desde cedo somos ensinados, pelo menos na minha realidade social, a renegar

Garota Parnasiana

Aproveitando que esqueci de desativar da minha agenda que esta era a semana do seu aniversário. Que lembrança péssima. Caí na realidade de que você não é tão incrível quanto eu pensei que fosse. Você é rasa. Nada do que faz tem profundidade ou essência de verdade, é apenas o espetáculo pelo espetáculo, o que casa bem com essa geração neo Parnasiana que não sabe o significa do de conquistar, apenas de exigir. Ser notável apenas por ser conhecido, pelo externo, pelo vazio e falta de propósito. E é com essa correspondência que a verdadeira arte há de ser enterrada sob quilômetros de futilidade e falsidade.  Mas é isso, esse mun do foi sempre um espetáculo muito sem substância do qual você é, pra mim, hoje, uma grande representante. Esta geração vazia e sem propósito que se veste de escândalo após escândalo atrás de escândalo, escondendo suas mais perversas personalidades antes de um barulho qu e desorienta, e fica difícil de raciocinar num pensamento de resposta. E a ausência de r

Areia Água Amor

Queria que fosse palavra certa Encravada n'água. Antes de ter a cara dada por máscara Que não adjetiva que lha defina. Mas pedras, rochas, montanhas Toda forma um dia imponente Toda construção que assusta Um dia todas serão areias. O despertador pode despertar sempre no [mesmo número. Mas não na mesma hora. Dá-se a morte sempre eterna De um amor que vira ódio Pelo canto diferente de cada história Mas é só o amor mesmo que importa.

Depressão Parte 3 - 2014 a 2015 (o que veio depois da separação)

É difícil compor o que veio a seguir, mas se você tem mais de 25 anos, e se você não vive preso nas mentiras de um Instagram ou Facebook, se você não molda os acontecimentos pra que caibam no perfil de uma rede social, então você deve saber, a esta altura, que a vida é repleta de revezes. A expectativa obsessiva nos faz lamentar estes revezes, porém, hoje em dia, eu os agradeço, e até espero que mais deles venham, porque é assim que sabemos que não podemos viver dentro de um caminho pré estabelecido. Estes revezes são nada mais do que pequenos pedaços de realidade que nos caem no colo como uma forte chuva de granizo, alguns deles nos acertam na cabeça, e doem, nos fazem acordar, ver as coisas como de fato são. Pois é, a Kátia sofreu duas perdas, uma mais grave do que a outra, o que a abalou emocionalmente, e alimentou ainda mais um antigo sonho dela, de morar fora de São Paulo. Eu tentei segurar este abalo com tudo o que pude oferecer na época, mas eu sabia o quão imaturo e despre

Maestro João Carlos Martins e a valorização da tragédia na TV

Minha mãe estava me contanto hoje sobre o Maestro João Carlos Martins, que visitou um programa de TV aí (não sei o nome, não assisto TV há muitos anos). O maestro vive um drama pessoal, é um pianista, apaixonado pelo ofício, tem na música a sua própria motivação para viver, e por causa de um assalto, onde sofreu uma pancada na cabeça, causou-lhe um problema neurológico que o impede de ter o movimento natural das mãos, quase impossibilitando que toque piano. Neste programa ele começa a tocar uma música no piano, apenas com o dedo indicador de cada mão, e em dado momento, começa a chorar: o motivo, um jovem promissor, da música (segundo minha mãe) morrera por causa de uma tragédia de violência. Minha mãe falava isso com uma voz piedosa e uma expressão de pena, e se via tocada por isso. A TV tomou tamanha proporção na vida das pessoas dos anos 50 a 2000, que esta geração desse período de 50 anos foi completamente convencida a dar qualquer situação nessa tela como verdadeira.

Misantropo I

Alvejo em choque Arremedo-me em contrapartida Não pedirei, jamais, licença Dai-me a escusa, porém Se és por liberdade Dai-me o passe total da vida. Que seja perante ao pernicioso O perverso e o doloroso Pois que venha o ardume Do inferno escarnoso Que me tragam o futuro A ruína das fortunas Dos sonhos e conjecturas Que zombe, essa divindade hostil Das feições da persona Em letárgica máxima febril. Estes espinhos, que tão profundos Perfuram a sanidade do homem gentil Não queira dele tirar o mel Senão o veneno da alma senil O máximo do néctar que lhe doa É a resposta cínica, amarga e mordaz Versaria-lhe com metáforas melífluas Escondendo as falácias de uma alma: Entremeios às brumas do arrozal Ao charco atiro-me, deixa-me lá O homem que vem do barro Não necessita de piedade Não precisa de perdão Aos que viveram o inferno da realidade Vivem a felicidade de estar no chão.

21 anos sem você...

O que faço agora é um grande absurdo, escrever um texto para alguém que não está mais aqui. É próprio de um lunatismo total, porque não, você não está em parte alguma desse dito além, tão fruto da imaginação humana, olhando pra mim, justamente pra mim, apenas porque agora estou pensando em você. Mas a saudade e a falta que você faz me enfraquece o espírito e faz com que eu caia nessas bobagens que às vezes nos rendemos, a precisão para não enlouquecer de vez. Já não estaríamos loucos o suficiente apenas por redigir por algo que não existe mais? De qualquer forma, eu não faço ideia da pessoa que você seria hoje, se ainda estivesse aqui. Não faço ideia se seríamos amigos ainda, se estaríamos perto um do outro. Dado o meu histórico social, é muito provável que não. É bem provável que você entraria pra minha lista da saudade, essa amargurada lista que eu pretendo esquecer. Nostalgia é o refúgio de uma mente que se acovarda com o presente. A vida é o que é. Mas ora, eu quero qu